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Eu voto… votar.

SÓNIA LOBATO, Jurista

O meu avô materno, Daniel, sentado num mocho, ao lume que ateava numa pequena caserna, tinha por hábito contar-me, repetidamente, as suas histórias sobre a cidadania que tanto gostava de exercer, mas que no seu tempo era um caso de vida ou prisão.

De cada vez que ele começava  – sempre pausadamente e com uma fagulha na mão, que acabava por levar à boca quando a perigosidade aumentava – a contar a história dos senhores que souberam que ele havia votado no Humberto Delgado, ficando impedido de votar mais tarde, e como isso o deixava triste e angustiado por não poder participar na mudança, confesso que, sem duvidar da palavra dele, achava aquilo tão fantasioso, que só mais tarde, quando comecei a estudar história, a história do meu avô se tornou real para mim.

E mais tarde, quando voltei à conversa com ele, mais consciente e critica, uma pergunta vinha à baila: “ Avô, como é que vivias assim? Com essa vontade de mudar o mundo e o sistema e não teres hipótese para tal?

Sempre serenamente, e ajeitando a boina, ele respondia-me: “ A gente tem sempre uma maneira de mudar as coisas, primeiro é preciso acreditar e depois avançar. Eu acreditei que as coisas iam mudar, foi o meu papel, e agora é a vossa vez de fazer as coisas avançar. Mas não fiquem muito tempo à espera.”

Ficarmos no sofá, a mandar uns palpites, ou a fazer uns likes nesta ou naquela foto, não é exercicio de cidadania. Num tempo em que nos queixamos de tudo (e com legitimidade), é preciso fazer mais do que cantar hinos, virar costas, ou gritar “palhaço”.

É preciso votar. É preciso selar uma vontade no boletim de voto. A abstenção, os votos nulos ou brancos não são contabilizados. E por isso, mesmo com uma minoria poderemos eleger autarcas, que não queríamos ver no poder, ou que, amanhã não poderemos criticar, porque faltámos à eleição.

Os órgãos locais precisam de representatividade alargada de modo a potenciar uma verdadeira política de proximidade. Ficar em casa, ou depositar uma cruz de alto a baixo, não legitima vontades.

Eu já não tenho oportunidade de me sentar com o meu avô e contar-lhe que avancei, porque já não está entre nós. Mas sei que ele, e tantos outros que acreditaram e sofreram, estarão orgulhosos.

Qualquer que seja a escolha, precisamos de votar e honrar quem num tempo tudo fez para que hoje possamos avançar. Este é o nosso tempo. Acreditem e avancem no próximo dia 29 de Setembro.

Sónia Lobato

Jurista

 

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