Últimas

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

Siga o nosso canal de WhatsApp e fique a par das principais notícias.

Um lugar para mim, um lugar para ti

SÓNIA LOBATO, Jurista

A maioria dos candidatos às próximas eleições autárquicas já se deu a conhecer. Se a escolha do cabeça de lista foi uma dor de cabeça para algumas concelhias e distritais, imagine-se, agora, o que não será a propósito da composição das listas dos órgãos a eleger.

O cabeça de lista tem de ser forte (assim pensam alguns), e, nesse forte, cabem atributos comportamentais tais como a simpatia, a amabilidade e a humildade, sem que sejam necessariamente genuínos. Aliás, candidato (forte) a presidente de câmara será aquele que não possuindo os atributos, deixe transparecer que os tem. Este é o dote que a estrutura partidária espera do bom candidato.

Já no que toca às listas, a selecção é metódica, o que não equivale a rigor.

Na sombra do candidato forte (que se entretém a cativar as massas, indo a festas, romarias, campeonatos e tudo o que mexa as gentes da terra e promova uns bons registos fotográficos nas redes sociais) está o aparelho que planeia a distribuição dos lugares dentro do partido. Esta é a segunda batalha que se quer ultrapassada por aqueles que pretendem a vitória. Esta distribuição visa, por um lado, harmonizar o partido, escolhendo elementos que se movam bem na sociedade, minimizando desuniões internas, e, por outro lado, claro, agarrar o voto do eleitor indeciso.

E eis que acontecem coisas estranhas.

Convidam-se independentes (porque fica bem mostrar à sociedade que o partido é “aberto”), convidam-se militantes (ou ex-militantes) de partidos da oposição (para furtar votos ao opositor e baralhar) e fazem-se coligações.

E ainda temos aqueles que convidam figuras mediáticas, como se a causa pública fosse um produto à venda. Jorge Gabriel e João Vieira Pinto, por exemplo, vão encabeçar, pelo PSD, candidaturas a Juntas de Freguesia. Seres mediáticos. Mas… pensantes e experientes na área? Pois.

Se a ideia é a imagem, apostem na Popota, e as crianças lá de casa farão campanha imediata e eficaz: “mamã, papá, votem naquele senhor que é amigo da Popota, votem, votem”. É o público-alvo mais certeiro, que manipula famílias inteiras. E de forma tão inocente, a que não se consegue dizer não.

Humor à parte, os partidos atravessam uma crise conjugal com a sociedade. A imagem dos políticos (profissionais ou não) colados a estruturas partidárias é penalizante. E, internamente, os tiros nos pés são mais que muitos. Não me vou perder em comentários quanto às candidaturas de Seara e Menezes. A lei é clara. Quiseram que não o fosse, o tribunal deu-lhes sentença, e agora dizem que a palavra sábia pertence ao Tribunal Constitucional. Sim, o mesmo tribunal que deixou o mesmo PSD em estado de choque com a inconstitucionalidade do OE 2013.

O desprezo das estruturas partidárias por militantes valorosos promoveu espaço para candidaturas independentes. Veja-se o caso de Marco Almeida, que assumiu não se rever no actual PSD, por considerar que o partido virou as costas às pessoas. O apoio institucional, no lugar de ser entregue a este “filho da terra”, foi para Pedro Pinto, um deputado abençoado, não pelos sintrenses, mas por Jorge Moreira da Silva. Repetição do mesmo, no Porto, onde Rui Moreira assumiu uma candidatura livre, independente e sem partidos, onde a sociedade civil é quem mais ordena.

É o PSD a dar cumprimento à máxima de Passos Coelho “que se lixem as eleições”.

Também no PS, faltam harmonia e união. No Cartaxo, por exemplo, Paulo Varanda concorre como independente contra Pedro Magalhães Ribeiro, o presidente da comissão política local e o candidato apoiado pelo partido. Em Almeirim, o atual presidente Sousa Gomes apoia uma candidatura independente contra Pedro Miguel Ribeiro, que é o seu vice-presidente. E depois, como se lê nas primeiras páginas dos jornais, temos uma ex-militante do PSD/Ourém que se zangou com o partido e logo partiu, a convite de Paulo Fonseca, do PS, para a lista deste.

Estas quezílias, estes arranjinhos, nada nos adiantam quanto ao projecto que têm para as suas terras. E é isso que nos importa conhecer, avaliar e depois decidir.

No entanto, tenho para mim que a vitória nestas eleições, onde o candidato não seja suficientemente forte – com ou sem Popota – fica dependente dos nomes a constar das listas, e aí só me apetece citar Maquiavel: “o primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.

Sónia Lobato

Jurista

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Notícias Relacionadas