O Movimento Independente São Vicente do Paul (MISVP), que viu a sua candidatura às eleições autárquicas de 12 de outubro rejeitada pelo Tribunal de Santarém e pelo Tribunal Constitucional, por violação da Lei da Paridade, já reagiu à decisão judicial, atribuindo a culpa da derrota à justiça e questionando onde estão os valores de Abril.
“Não fomos derrotados nas urnas, fomos derrotados pela justiça portuguesa. Percebemos mais uma vez a diferença entre sermos uma lista independente ou uma lista partidária. Os obstáculos, na forma como somos vistos pelas instituições, são muito superiores”, refere o movimento liderado por Susana Veiga Branco, em comunicado.
No mesmo documento, o MISVP considera que “a democracia em Portugal está definitivamente mais pobre, quando o tribunal não permite que uma candidatura de um Movimento Independente vá a eleições”.
“51 anos após o 25 de abril é gravíssimo e de lamentar que a vontade do povo não possa ser assim expressa em eleições. E isto por erros processuais, inclusive pelo Tribunal da Comarca de Santarém. Os erros a nós apontados foram sanados e nunca considerados pelo tribunal, que se refugiou em questões jurídicas que o cidadão comum não compreende”, afirmam.
Na reação a todo o processo que retirou o movimento do ato eleitoral, o MISVP esclarece que tinha confiança em quem tratou e verificou o processo de candidatura. “Estávamos firmes pois tínhamos muito mais assinaturas e apoiantes que as exigidas para um movimento independente, tínhamos uma lista carregada de gente de várias gerações, com muitas mulheres e muitos homens com história na freguesia e outras tantas com vidas autárquicas a iniciar. Gente de todos os quadrantes políticos que acreditam que nas freguesias as pessoas e a sua idoneidade contam mais”.
“Estamos agora perante o profundo erro da cidadania estar a ser posta em causa. Qual a legitimidade democrática do próximo executivo da junta de freguesia, quando o Movimento Independente que liderou a freguesia em maioria nos últimos 16 anos foi impedido pela justiça de concorrer às eleições?”, questiona o MISVP.
No documento, Susana Veiga Branco, que assina em nome do movimento, assume que “as pessoas estão obviamente muito magoadas e dececionadas, não só os autarcas recandidatos e toda a lista do Movimento Independente como as centenas dos seus apoiantes e a população”.
“Quero deixar, em nome do MI SVP e em meu nome pessoal, aqui, um agradecimento público a todas as pessoas que acreditaram e acreditam neste Movimento e que tudo fizeram para continuarmos a lutar pela nossa terra, por São Vicente do Paul. Os nossos apoiantes, o nosso grupo, as nossas empresas e instituições, todos estamos revoltados com a democracia portuguesa no Séc. XXI, pela justiça neste país, que não nos permitem trabalhar por esta que é a nossa casa, onde habitamos e as nossas famílias estão, onde seria fundamental continuar um trabalho digno, justo, competente e experiente”, acrescenta.
“Obrigada, equipa, obrigada população. Obrigada também à AD, que nos apoiou desde o início, reconhecendo o nosso trabalho e optando por não concorrer. Também ao CHEGA, que optou por não apresentar lista, reconhecendo a força do MI SVP e aquilo que representa em SVP. A minha gratidão aos convites que recebi para cabeça de lista, pelo PSD, pelo PS e pelo CHEGA. A todos agradeço o reconhecimento, mas a minha palavra e coração estavam e estão com o Movimento Independente, sendo presidente da Assembleia eleita pelo mesmo desde há 12 anos”, refere o mesmo documento, onde é assumido que “o MISVP não vai acabar, vai continuar a existir e dá a garantia que daqui a 4 anos irá manifestar ainda muito mais força”.
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