A reunião entre os representantes dos onze municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) e o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, realizada esta terça-feira, 7 de março, serviu essencialmente para identificar e avaliar problemas, tendo sido agendada nova reunião entre as partes para meados de maio, daqui a mais de dois meses.
Uma situação que causou desconforto em alguns autarcas, entre eles o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), que lamentou que a reunião tenha sido para falar dos problemas que são já conhecidos e que não tenha sido apresentada qualquer solução.
“Lamento que o senhor ministro tenha vindo para uma reunião com os autarcas, sabendo os problemas que existem (…) e nos venha aqui fazer um relato dos problemas que tem. Ele tem é que ter soluções e o senhor ministro não teve a capacidade de ter soluções para apresentar aos autarcas”, declarou o autarca scalabitano.
Ricardo Gonçalves insistiu que esperava ouvir o ministro da Saúde dizer, “por exemplo, quando é que arranja médicos anestesistas”, já que o Hospital Distrital de Santarém “devia ter 20 e tem oito”, na medicina interna, tem 19 médicos e devia ter 40, e, em ortopedia, devia ter 14 e tem cinco, havendo falta de profissionais em várias outras especialidades.
“Não nos disse quando é que arranjará esses médicos. Há problemas graves. Se faltarem anestesistas se calhar 30 a 40% das operações são adiadas e a população sofre com isto”, declarou.
“Acredito que os problemas são muitos. Há falta de médicos, todos sabemos. Mas, há quantos anos? Os governos, por via da Assembleia da República, dos partidos, façam propostas, alterem as coisas”, acrescentou.
Para Ricardo Gonçalves, não é aceitável “que se queira fazer uma normalização” das escalas das Urgências, pois criam-se dificuldades aos outros hospitais e aos bombeiros, que têm de fazer mais quilómetros para desviarem os doentes.
Já o presidente da CIMLT, Pedro Ribeiro (PS), saudou o facto de Manuel Pizarro ter afirmado que reuniões como a realizada esta terça-feira, durante cerca de três horas, são para ter continuidade, tendo ficado agendado novo encontro para meados de maio, para um “balanço do conjunto de medidas e preocupações que levou”.
O também presidente da Câmara de Almeirim afirmou que os autarcas dos 11 concelhos da CIMLT apresentaram dois tipos de preocupações, por um lado, relativos aos cuidados de saúde primários, devido à falta de médicos de família, e, por outro, quanto à falta de especialistas no Hospital Distrital de Santarém, sobretudo em medicina interna e ortopedia, situações que “impactam” na resposta às populações.
Pedro Ribeiro afirmou que há um modelo organizacional que está a ser pensado, não escondendo que os autarcas têm dúvidas sobre a criação da anunciada Unidade Local de Saúde na Lezíria, apesar de concordarem “com o conceito”, ou seja, a articulação entre os cuidados de saúde primários e os hospitalares.
“Temos dúvidas da sua eficácia. Estamos disponíveis para ser ‘convencidos’ e criar condições, porque tudo aquilo que sejam condições para melhorar a resposta, para nós é importante”, disse, reafirmando a disponibilidade dos autarcas para “ser parte dessa solução”.
Manuel Pizarro adiantou algumas propostas que serão agora discutidas com a Administração Regional de Saúde e com a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, esperando que na reunião de maio seja feita uma avaliação entre o que foi agora levantado e o que está resolvido.