“Uma boa gestão não deve condicionar as boas práticas de saúde”, afirma a equipa de enfermagem do serviço de pediatria do Hospital de Abrantes, numa carta aberta onde se manifestam “preocupados” com as mudanças anunciadas acerca da reestruturação dos serviços no Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT).
Em causa está o facto de passar a existir apenas uma única urgência pediátrica e único serviço de pediatria com internamento (dos 29 dias de vida aos 15 anos), ambos concentrados no Hospital de Torres Novas, mantendo-se em Abrantes o serviço de obstetrícia, o bloco de partos e o internamento de neonatologia.
Segundo os signatários, estas medidas de gestão podem comprometer a segurança e a qualidade dos cuidados prestados às crianças e adolescentes”.
“Esta situação leva a uma dispersão de recursos humanos que levará a encargos financeiros não condizentes com a finalidade desta reestruturação uma vez que vai obrigar ao aumento dos transportes efectuados entre estas duas unidades”, escrevem os enfermeiros, que se mostram ainda preocupados com o facto dos serviços que dão apoio à pediatria (cirurgia, ortopedia, obstetrícia/ginecologia e anestesiologia) não ficarem centralizados na mesma unidade de saúde. “Não podemos concordar com a decisão de centralizar a urgência de pediatria na unidade de Torres Novas, privando as crianças e adolescentes dos necessários cuidados cirúrgicos e anestésicos imprescindíveis para boas práticas num serviço de urgência de pediatria”, acrescentam os signatários, para quem as “situações de «life-saving» ficarão muito desprotegidas, pois exigem uma especialização de cuidados que é inerente à formação de cirurgiões e anestesistas”.
A ideia de introduzir o transporte de Suporte Integrado de Vida (SIV) no CHMT “não nos parece que garanta o mesmo nível de qualidade dos cuidados”, tendo em conta a distância de 30 quilómetros que separa a urgência pediátrica de Torres Novas da urgência médico-cirúrgica de Abrantes. A equipa de enfermagem sugere ainda que o novo espaço de neonatologia contemple um espaço para pediatria cirúrgica e ortopédica, “evitando deste modo o internamento de crianças e adolescentes em serviços de adultos”, e tendo em conta que é necessário “respeitar os direitos consagrados das crianças hospitalizadas”.
Enfermeiros da pediatria de Abrantes criticam reestruturação
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