Sex, 23 Maio 2025

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Pontos de vista

VÍTOR CATULO, Cidadão eleitor nº B-932

Quando há três décadas atrás o conhecido professor Marcelo de Rebelo de Sousa, que fazia parte de um dos governos constitucionais saídos do 25 de Abril (assentava-lhe bem aquela barba talhadinha e o bigode) nadou no Tejo para contrariar rumores de que o rio vinha de Espanha poluído por "nuestros hermanos", deu o mote a uma rábula que ilustrava os pontos de vista da sociedade sobre os mais variados assuntos consoante os interesses e convicções pessoais de cada um.

Rezava assim: a imprensa noticiou que um homem nadou durante um dia inteiro no rio Tejo sem quaisquer problemas. Comentário de um treinador de natação: "revelou ser um grande atleta com uma excelente preparação física e qualidades excepcionais". Comentário de um físico: "mais uma vez se prova o princípio de Arquimedes de que todo o corpo mergulhado num fluído sofre um impulso vertical de baixo para cima igual ao peso do fluído deslocado" e de um químico: "a matéria viva não apodrece dentro de água". Por último, o comentário do então ministro Rebelo de Sousa: "Estão a ver? Tal como eu defendo, o Tejo não está poluído!".  

Nada que se passe, que aconteça e que se decida neste país reúne consensos entre pessoas e grupos. A mais pura das verdades, por mais provada e comprovada que seja, nunca convencerá todos. Haverá sempre quem se proponha a desmontar a verdade e negar a evidência dos factos. Tudo é polémica! A malvada palavra abre hoje telejornais e noticiários. Se uma decisão política não vai ao encontro dos interesses de um partido ou de um determinado grupo temos polémica. A polémica está na ordem do dia. Se uma decisão judicial, mesmo que acertada, não se ajusta aos desejos e pretensões da parte contrária, entende-se que não se fez justiça e vá de recorrer. Entre dois recursos o pau vai e vem enquanto as costas folgam e pontos de vista opostos prevalecem em detrimento do ponto de vista exato. Que desperdício de energia para um povo que precisa tanto dela!

Numa das últimas edições do Correio da Manhã do mês de Novembro fiquei atordoado com três notícias, duas delas com honras de primeira página, dando conta da prática de crimes por elementos de três forças policiais distintas: o da inspectora da PJ suspeita de ter matado uma idosa com treze tiros, do chefe da PSP envolvido numa rede de tráfico de droga e de três militares da GNR surpreendidos em pesca ilegal. Nas televisões, nas ruas e nos cafés foi tema de conversa e teceram-se os mais variados comentários, alguns pouco ou nada lisonjeiros endereçados às instituições dos suspeitos: "já nem na polícia se pode confiar!". 

Para quem serviu durante quase três décadas sob o lema "pela ordem e pela pátria" foi duro de ouvir e difícil de digerir, mas serviu-me de conforto saber que, nos primeiros dois casos, foram as próprias instituições a desmascarar os suspeitos e a levá-los ao poder judicial. 

Ontem, soube-se que um soldado da GNR viu confirmada a absolvição pelo Tribunal da Relação, já anteriormente decretada no tribunal de primeira instância, de um crime de homicídio de que vinha acusado e que de igual modo um agente da PSP foi declarado inocente da morte de um jovem delinquente. Reações de repúdio não se fizeram esperar, designadamente do bastonário da Ordem dos Advogados que se insurgiu, naquele seu jeito muito especial de todos conhecido, contra a decisão dos tribunais. 

Está no seu direito o Dr. Marinho Pinto de dizer o que pensa e de litigar como entender, mas como estamos a falar de pontos de vista sempre aqui o direi e publicamente: fez-se Justiça!

Vítor Catulo

Cidadão eleitor nº B-932

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