Ele foi a figura do ano para a maioria dos jornalistas de Portugal. Só podia ser, num preito de reconhecimento, por parte de quem nos põe a ler jornais, a ouvir rádio e a ver televisão. “Não tens agenda para amanhã? Não ruiu nenhuma estrada nem caiu um helicóptero?” Então acompanhas o Marcelo, puto, mas faz-te à estrada cedo que o homem não dorme!”.
De facto, que outro país do mundo se pode orgulhar de ter um presidente de república como o nosso que está presente em todos os cenários de tragédia e dor? Conselheiro amigo de muitos, comentador de tudo e ouvidor atento dos oprimidos e desafortunados, o presidente da República tornou-se um bálsamo nacional para a dor e faz lembrar o emplastro leão que púnhamos nas costas para aliviar a dor.
Houve tragédia? Ouvem-se lamentos de dor? Ele lá está a reconfortar quem precisa e venha daí um abraço que sempre ajuda! Há sinais de descrédito nas instituições? Cheira a injustiça? Ele orienta, aconselha, manda recados. Alguém sabe como se chama a provedora de Justiça?
E que feliz é este primeiro ministro que, discretamente e sem sobressaltos de maior, lá vai tratando da governança do reino sem ter que perder tempo precioso a dar explicações a essas carraças que são os jornalistas. O presidente que os ature que o homem até é talhado para isso.
Imprevisível e surpreendente, o Presidente também é notícia quando cede à esquerda obrigando o Governo a rever a posição da FENPROF – uma organização fortemente comunista dirigida por pessoa irredutível e inconsequente – cuja reivindicação do tal tempo para a reforma de 9 anos, 4 meses e 2 dias “roubados” pelo anterior governo, a ser atendida nesta fase de convalescença económica em que estamos, pode comprometer o futuro de todos nós.
Ele é também um peixinho na água em qualquer circunstância ou lugar. Após decidir à esquerda cá no circo, ei-lo poucos dias depois a voar até ao Brasil para ser um dos poucos presidentes de república do mundo a assistir à tomada de posse do presidente do “país irmão”, um capitão na reserva ex-pára, com vinte e tantos anos de senador a fazer não sei o quê, e cara da linha mais dura do conservadorismo da direita cristã, que promete acabar com o vermelho no país (estamos cá para ver).
Uma personagem picaresca que, entre outras preciosidades, tem no governo um banqueiro na pasta das finanças e, num recém-criado ministério da família, uma advogada iluminada por Deus para quem essas coisas do género se colocam de uma forma muito clara: “menino veste azul e menina veste rosa”. A novela promete!
Com um presidente assim, que anda mais na rua do que para no gabinete, espalhando charme e simpatia, político multifacetado que pisca à esquerda e à direita e nos põe alegres como nenhum outros faz no mundo, é natural, pois, que Marcelo Rebelo de Sousa tenha sido eleito personagem de 2018 pela comunicação social.
Concordo, também gosto de “entertainers”. Bom ano a todos, de preferência em Português!