Dom, 8 Setembro 2024

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Carreiras de tiro tóxicas

vitor catulo

Vítor Catulo

Em título de primeira página da edição de Páscoa, o Correio da Manhã para além de noticiar a fuga de Portugal de 14,5 mil milhões de euros para paraísos fiscais desde a eclosão da crise, dava também conta de que meia centena de formadores de tiro da PSP acusavam níveis de concentração preocupantes de cobre, chumbo e zinco no sangue.

Se o primeiro título, à volta de uma situação recorrente a que, infelizmente, já nos habituamos, estava em grandes parangonas induzindo leitura imediata do desenvolvimento da notícia, o caso – mais do que um caso, um problema – dos polícias contaminados levou-me instintivamente a ir ler a notícia por motivos óbvios e que são dois: o facto de ter envergado a farda da PSP e o de ter ministrado instrução dessa disciplina durante os últimos anos em que me encontrava no “activo”.

Refira-se que já anteriormente, em Fevereiro, o problema fora abordado pelo Diário de Notícias após os sindicatos da Polícia terem decidido trazê-lo ao conhecimento público, mas como tantos outros problemas que afetam a classe e desideratos por satisfazer pela tutela, parecia ter caído no esquecimento.

Quase uma década passada desde que “pendurei a farda” felizmente que nunca desde então dei sinais de sofrer dos sintomas relacionados com a inalação dos fumos de pólvora queimada que sabemos agora serem constituídos de metais tóxicos. Talvez por ter sido uma tarefa residual que, tal como algumas dezenas de camaradas meus habilitados com o curso de tiro, desempenhei sazonalmente. O nosso organismo está preparado para depurar um vasto leque de agentes nocivos desde que os índices de contaminação interna ou exposição a eles não sejam exageradamente elevados ou de forma continuada. Contrariamente ao que aconteceu àqueles que, por força das funções que exerceram em exclusivo, tal como os operadores das carreiras de tiro móveis, inalaram durante anos consecutivos os fumos tóxicos resultantes de milhares de disparos de armas de fogo feitos em espaços fechados e que agora sofrem de sintomas de “diarreia permanente, vómitos e insónia total”. Há nexo de causalidade entre a prestação do serviço e a doença, pelo que bem me parece que deva esta ser declarada doença profissional.

Este quadro negro em que a saúde, e quiçá a vida de pessoas, foi posta efetivamente em risco, configura uma situação de negligência por omissão, mas nunca imputável ao funcionário!

Na verdade, tanto quanto sei, nunca nenhum responsável, seja do fabricante das carreiras de tiro, seja da Polícia, recomendou ou exigiu a necessidade de serem feitas limpezas periódicas, profundas e completas das carreiras de tiro de forma a livra-las de poluentes potencialmente perigosos. Advogo mesmo que não existirá em nenhum manual ou circular interna da PSP a referência ao acautelamento de tal tipo de limpeza.

Não se pretende a cabeça de ninguém, outrossim que se tirem ensinamentos para o futuro de forma a que os polícias exerçam as suas funções em segurança. É o mínimo que se pede para quem diariamente dá o melhor de si pela ordem e tranquilidade pública e que contribui para que o exercício da Liberdade em segurança no nosso país seja uma realidade.

 

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