Dom, 27 Abril 2025

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Baleia azul

Susanaveigabranco01

Susana Veiga Branco

Não passa uma semana que não haja notícia de um suicídio ou tentativa de suicídio provocado pelo suposto jogo Baleia Azul.

Dado esse facto, não perco uma oportunidade de informar e alertar acerca desta problemática por todos os meios que tenho disponíveis, pois para muitos ainda se revela como interrogação ou distante, mas afinal pode estar dentro da nossa casa, estar à mão dos nossos filhos, dos nossos sobrinhos, dos filhos dos nossos amigos… trabalhar na prevenção e no combate destas problemáticas revela-se como uma missão para todos nós.

Totaliza-se mais de uma centena de mortes no conjunto dos países onde os jovens acederam a este jogo.

Que jogo perverso é este?

Baleia Azul é um jogo mortal, desenvolvido com bases científicas e recorrendo à psicologia, pressupondo-se que com começo na Rússia, numa rede social equivalente ao facebook. O Brasil foi fortemente afetado e presentemente está em força em Portugal. Constituído por 50 tarefas, em que a última é o suicídio, algumas são auto-mutilações como escrever a sigla F57 na palma da mão (no começo), com uma navalha e fazer cortes nos braços, sobre as veias, com lâminas; assistir aos filmes de terror e ouvir músicas psicadélicas que o curador mandar, todos os dias às 4h20 da manhã – hora em que o cérebro deveria estar em repouso absoluto, levando a ausência de descanso a um bloqueio; ficar na borda de telhados e edifícios altos; subir a guindastes, não falar com mais ninguém um dia inteiro; tarefas em código e fazer as missões que o curador der. Tudo é definido segundo os maiores medos de cada pessoa, personalizado no mau sentido. No final, o curador define a data e hora do suicídio. Depois de cada tarefa realizada, os jogadores têm sempre de enviar fotografias ao curador.

Os “curadores” são os administradores, que através de perfis falsos, convidam jovens a jogarem em grupos privados, através de redes sociais como o WhatsApp e o facebook. Os números falam por si: alguns grupos já são constituídos por mais de 1,9 mil membros.

Selecionam adolescentes suscetíveis a comportamentos suicidas, em que a depressão e a baixa auto-estima se fazem sentir. A partir daí, usam estas inseguranças, tão características da idade adolescente, para manipular, criando uma teia à volta da pessoa, através de forte pressão psicológica e ameaças às famílias, caso se queira desistir.

Este é uma espécie de jogo em pirâmide, cujas fotos de mutilações são vendidas. Um negócio rentável para os criadores; um ponto final para os jovens que não têm capacidade de resposta nem maturidade para fazer face à problemática.

É um jogo enganador, elaborado por pessoas que lucram à custa do mal que provocam a outras, pessoas mórbidas que se divertem com o medo e desilusão dos jovens, comandando vidas e ditando mortes.

Não posso deixar de vos contar que conheço quem jogou e que só está ainda vivo porque não terminou o jogo. Mas muitos jovens não conseguem sobreviver. Independentemente do poder económico, tipologia de escolas e comunidades as proporções deste jogo são globais.

Continua a decorrer a investigação para identificar os administradores e até já foram feitas detenções, mas a realidade é que o jogo continua e se expande, enquanto que quem cria este tipo de jogos são considerados imputáveis e estão em liberdade.

Estarmos atentos a sinais de alerta de quem joga é igualmente precioso para salvarmos vidas. Alguns desses sinais passam pelo isolamento e apatia, mudanças de comportamento, de rendimento escolar e do padrão do sono, agressividade e irritabilidade, auto-mutilações na palma da mão, braços ou pernas, uso de mangas compridas mesmo estando calor para esconder, evitar conversar durante horas seguidas, cortes nos lábios, furos nas mãos com agulhas, posts e desenhos de baleias, sair de casa de madrugada e repentinamente e ainda ver os filmes de terror e ouvir as músicas psicadélicas que referi atrás durante a noite. Numa fase mais adiantada, estar no precipício de linhas de comboio.

Quanto à prevenção, o diálogo não acusatório, observarmos e escutarmos são provavelmente as formas mais eficazes. Os problemas, dúvidas e pedidos de ajuda devem ser debatidos com a família e amigos, com os professores, psicólogos e demais técnicos.

Dizer não a estes supostos jogos e não acreditar é fundamental. Há que denunciar à polícia e nas redes sociais (”conteúdo violento ou prejudicial” ou spam e bloquear) convites que surjam para jogar.

Temos uma sociedade fragmentada, uma monstruosa falta de informação por parte sobretudo dos nossos jovens, ausência de estrutura familiar e a base e apoio adequados das comunidades escolares e geral que sejam resposta aos nossos jovens.

Soluções? Não tenho muitas, tenho algumas. Por exemplo, a estrutura de laços é essencial, fazendo de contraponto à depressão e receios inerentes à adolescência, um porto seguro e estável. Os valores são absolutamente necessários, que funcionem como intrínsecos aos jovens, sabendo-se o que é aceitável e correto e o que não é, constituindo assim uma barreira protetora. Valorizar a vida e entender que a morte não é solução nem fuga, falando abertamente acerca de todos os temas sem receios e sem tabus, tentando perceber e interpretar cada situação.

Sabemos que com a globalização, a internet e as redes sociais tornam “o mundo numa ervilha”, como se costuma dizer, recebendo-se e partilhando-se todo o tipo de informações, mas este acesso requer cuidados redobrados e equilíbrio, pois esta falsa proximidade também se traduz em vulnerabilidade. O controlo e a diminuição de exposição são necessários para esse equilíbrio, assim como o retorno à presença, à amizade do diálogo face a face… 

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