Ter, 22 Abril 2025

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O VAR na Liga dos Batoteiros

Santana Maia Leonardo

Santana-Maia Leonardo

Implementar o VAR sem ter implementado, primeiro, a centralização dos direitos televisivos é perpetuar a fraude e a batota. Só em Portugal é que isto acontece em virtude de sermos um povo que convive bem com a corrupção, o compadrio e a batota e termos uma I Liga em que existem demasiados clubes que vivem na órbitra e à conta dos “três grandes”.

Em Portugal, a mulher de César nem é séria nem parece. A independência e a imparcialidade dos reguladores e dos decisores tem de estar acima de toda a suspeita e não pode estar dependente, nem na dependência, de um dos participantes na competição, seja ele quem for.

A Sportv, pela forma como foi criada (em regime de monopólio) e pela sua composição (gente directamente envolvida com clubes e com o negócio do futebol), não reunia manifestamente condições de imparcialidade e isenção. Mas a BTV, a Sporting TV ou o Porto Canal, tendo em conta que são televisões de clube, são por natureza parciais pelo que nunca poderiam ser autorizadas a transmitir em exclusivo jogos de futebol do campeonato português, tal como não é permitido em mais nenhum país do mundo.

Com efeito, se o VAR tem acesso à transmissão da BTV, não pode deixar de se influenciar por ela. Como é óbvio. Mesmo que o VAR tenha acesso a todas as câmaras que estão a cobrir o jogo, é a transmissão da BTV que o vai alertar, em primeira mão, para as incidências do jogo. Além disso, torna-se muito mais cómodo para o VAR aderir à perspectiva da BTV, uma vez que os espectadores apenas vêem essas imagens e não têm acesso às outras imagens que poderiam colocar em causa a perspectiva do lance que é mostrada pela BTV. Ou seja, nos jogos no estádio da Luz, o VAR é uma vantagem para o SL Benfica, porque permite corrigir erros que o prejudicam, mas os adversários do SL Benfica já não estão em igualdade de condições porque não podem influenciar o VAR, como faz o Benfica, através da sua televisão.

O caso do golo anulado ao Portimonense, por fora de jogo, é um caso clamoroso de como a BTV influenciou o VAR. Se o VAR não tem acesso às linhas de fora de jogo, mas a transmissão da BTV lhe forneceu a linha (ainda que mal colocada), foi obviamente pela transmissão da BTV que ele se guiou, uma vez que seria impossível ter a certeza do fora de jogo de outra forma.

No entanto, as operadoras privadas, que adquiram os direitos de um clube, também não têm condições de isenção e imparcialidade para transmitir os jogos, na medida em que passam a ser parte interessada no sucesso desse clube.

Concluindo: a implementação do VAR implica necessariamente a centralização dos direitos televisivos. Quem contrata a operadora, por concurso público, e impõe o caderno de encargos é a Liga e a operadora responde perante a Liga e não perante os clubes.

 

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