Dom, 27 Abril 2025

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

Siga o nosso canal de WhatsApp e fique a par das principais notícias.

Meus ricos filhos

Santana Maia Leonardo

SANTANA-MAIA LEONARDO

Um ministro que recorre aos métodos dos estudantes universitários da UDP, para fintar os sindicatos do PCP, na marcação do teste dos professores, não pode estranhar que os professores se comportem, depois, como alunos indisciplinados. Quem não se dá ao respeito não merece ser respeitado. Aliás, um ministro deste quilate e professores desta estirpe não têm autoridade moral para falar em indisciplina nas escolas. Muito bons são os piores alunos quando comparados com um ministro e professores destes… E se esta prova serviu para alguma coisa foi precisamente para demonstrar a quem ainda tivesse alguma dúvida de quais os responsáveis pelo estado de degradação a que o nosso ensino chegou.

Quanto à prova propriamente dita, nem o ministério da Educação, nem os professores têm razão, nas razões que apresentam para fazer e não fazer a prova. Por um lado, invocar hoje licenciaturas e mestrados como atestado de competência, como fazem os professores, dá vontade de rir tendo em conta o nível de degradação, corrupção e anarquia que tomou conta de todos os graus de ensino. Deveria, por isso, ser imposto um exame de acesso em todas as profissões, uma vez que as licenciaturas e mestrados não têm qualquer credibilidade, uma vez que tanto certificam quem sabe como quem não sabe ler nem escrever. Por outro lado, impor uma prova de charadas a professores com anos de serviço com o pretexto de os avaliar é uma ofensa à inteligência. Com efeito, a partir do ingresso nas profissões, avaliação deve continuar a ser rigorosa mas já não através de exames mas, sim, com a avaliação do exercício e, no caso dos professores, através de aulas assistidas, da avaliação dos materiais utilizados e produzidos, da assiduidade e da comparação dos resultados.

II

Agora que os estudiosos do Banco de Portugal e da OCDE concluíram que os países onde não existem reprovações no ensino obrigatório são os países onde os alunos atingem o mais alto rendimento, vou transcrever um texto que ando a (re)publicar desde 1990 em jornais regionais e que os jornais nacionais se têm recusado a publicar:

“E se acabassem as reprovações na escolaridade obrigatória, a situação só por si melhorava? É óbvio que melhorava e em benefício de todos: alunos, pais, empresários e contribuintes.

Em primeiro lugar, os professores podiam ser exigentes, cabendo aos alunos, se quisessem ter boas classificações, trabalhar e esforçar-se para isso. Neste momento, os alunos passam, praticamente, todos com nível 3. Com o fim das reprovações, uns passariam com 2, outros com 6 e outros com 16 valores. Era, aliás, fundamental que, com o fim das reprovações, as classificações passassem a ser de 0 a 20, para serem mais informativas, diferenciar os alunos e premiar o mérito, e fossem introduzidos os exames nacionais no fim de cada ciclo para aferir as classificações e avaliar os professores.

Em segundo lugar, as classificações e os certificados de habilitações passavam a ter, consequentemente, credibilidade e valor informativo porque reflectiam o que os alunos efectivamente sabiam.

Em terceiro lugar, os alunos que, no actual sistema, reprovam (ou passam por favor) poderiam, por um lado, iniciar o novo ano lectivo logo integrados em turmas de recuperação às disciplinas a que não tinham obtido aproveitamento e, por outro, não ficariam impedidos de prosseguir os estudos nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento. Ou seja, não só tinham mais possibilidades de melhorar às disciplinas em que tinham dificuldades como também não ficavam a marcar passo nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento.

Em quarto lugar, evitava-se que alunos matulões e cheios de vícios liderassem turmas de alunos mais novos e com vontade de aprender. Se os alunos acompanhassem sempre os da sua idade, grande parte dos problemas de disciplina dentro da sala de aula seriam evitados.

Finalmente, reduzir-se-iam em muitos milhões de euros os custos na Educação (cerca de 20%) com a vantagem de se aumentar a qualidade, premiar o mérito, diminuir a indisciplina e apoiar, efectivamente, os mais necessitados.”

III

Sendo do conhecimento público que a contratação de pessoal nas autarquias, mesmo por concurso público, é totalmente viciada, ao ponto de se saber sempre quem ganha o concurso antes dele se realizar, a proposta do Ministério da Educação e Ciência (MEC) de entregar a gestão da Educação aos municípios não pode deixar de revoltar e indignar todos aqueles que defendem que os professores devem ser escolhidos com base no mérito e não na cunha ou no cartão partidário.

E não se venha com o exemplo do países do norte da Europa porque, nesses países, as provas de acesso não são facultadas antecipadamente aos favoritos do senhor presidente, quando não são mesmo os vencedores antecipados a elaborar os próprios enunciados das provas, nem tão-pouco estes têm acesso às provas depois de as mesmas se realizarem com vista a completar algumas respostas. E não vale a pena os hipócritas fingirem-se escandalizados com o que acabo de afirmar porque toda a gente sabe que é assim que as coisas funcionam. E não é só nos concursos.

É em tudo. 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Notícias Relacionadas

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB

PUB