Numa das primeiras consultas democráticas de que há memória, Pôncio Pilatos pediu ao povo para escolher entre um ladrão (Barrabás) e um homem justo (Jesus Cristo). E quem é que o povo escolheu?
A democracia portuguesa tem também sido reveladora desta estranha atracção do voto popular pelas pessoas menos escrupulosas. O ladrão é sempre mais sedutor do que o homem justo e recolhe, quase sempre, mais votos.
Isto não é suficiente, obviamente, para pormos em causa a democracia até porque, como dizia Churchill, ainda não se descobriu melhor: «A democracia é o pior sistema político, exceptuando todos os outros». Além disso, se, entre um ladrão e um homem justo, o povo elege o ladrão, também não se pode depois queixar de ser governado por ele.
Como dizia Bernard Shaw, na melhor definição de democracia que conheço, «a democracia é um mecanismo que garante que nunca seremos governados melhor do que aquilo que merecemos.»
E, efectivamente, até agora, só temos colhido o que plantámos.