Falam-me de paz. Da urgência de mudar o mundo e de começar de novo. Falam-me de revolta, de indignação, mudança. Falam-me da paz que vem de dentro para fora. De técnicas e teorias. Falam-me da nova terra, dos novos homens. Falam-me de tudo e de tanta coisa. Falam.
A paz provém da mais elevada pureza interna. A humanidade é desafiada a pacificar as entranhas revoltas e amedrontadas. É parte da sua condição, do seu propósito. Superar-se. Evoluir. O medo é a razão de toda a guerra e de toda a crise. Focarmo-nos nele é alimentar-lhe a gula. É a paz que nos liberta. O amor. Juntos, transmutam medo e crise em transformação. Mudança. E é isso que somos, vida em transformação constante, um ritmo incessante de cores, formas, sons. Evolução.
O despertar é o caminho para o amor e a paz em nós. E é nossa missão encontrar a paz e o amor no outro. Para isso, cumpre-nos promover a alegria do encontro, do debate, do pensamento e da união. Do amor por tudo o que é vida. Apenas isso. Reverenciar a vida no outro é reverenciar a vida em mim. Pois entre mim e o outro nenhuma diferença nos separa. Até o ar que respiramos nos mantém unidos num só.
Esqueçamos tudo o que aprendemos. Os conceitos, as regras, as teorias. Nada do que sabemos é vital para que se edifique um novo mundo. Basta de teorias, fórmulas, conceitos e pré-conceitos! Há que aprender, aprender o novo em nós. E permitir que o amor incondicional por tudo o que é vida nos inunde o peito e nos ilumine a fronte. Só pela compaixão será possível manter a humanidade viva e a caminhar em frente. Só o amor, só o amor nos salva. Amar toda a vida como me amo a mim. Mesmo a vida que, aos meus olhos, parece injusta e vil. A realidade é dual e aceitá-la é o primeiro passo para a superarmos. Não combatê-la, o combate não é mais o caminho. Há que vencer a vida como vence a água a rocha, com a leveza de quem persiste. Pois quanto mais lutarmos pela espada, mais a espada nos romperá o ventre.
Samuel Pimenta
Escritor
