Na linguagem empresarial, liderança é palavra de ordem e preocupação constante, quer dos líderes, quer dos liderados.
A hierarquia é própria das organizações estruturadas e com objetivos, pelo que a questão da liderança se coloca em diversos níveis numa mesma empresa ou outra entidade. E interessa ao dia-a-dia de quem tem a função de liderar, uma vez que o sucesso da organização e do próprio líder dependem da eficácia e aceitação da sua liderança pelo grupo, mas também faz parte da atualidade dos membros da equipa, do departamento, da unidade, da comissão, já que o não reconhecimento da liderança, a sua ineficiência ou insucesso, fazem surgir os piores conflitos pessoais e profissionais que podem existir nas organizações.
E existem diversos tipos e formas de liderança, que têm levado a uma discussão sem fim, que ao longo das últimas décadas não reuniu consenso em torno de uma só definição. E é natural que assim seja.
Cada pessoa tem o seu estilo, a sua forma de atuar, o seu “charme”.
Todas as características pessoais do líder, não precisando de ser inatas, têm forte influencia e criam o seu próprio estilo, desde o mais autoritário, ao liberal ou ao democrático.
Uma liderança forte tem de ser, acima de tudo, confiante. O líder tem de confiar em si próprio, nas suas qualidades, sem, contudo, exagerar na sua auto-estima, para que não caia na vaidade estéril só porque exerce uma determinada posição de destaque. E depois tem de confiar naqueles que o rodeiam. Reconhecer, fomentar, motivar e exaltar as suas qualidades, detetar e denunciar os seus defeitos, mas sempre numa lógica construtiva. Um líder que viva com fantasmas constantes, a ver ameaças ao seu lado, é necessariamente um líder medroso e tendencialmente muito fraco.
Sendo certo que os liderados também muito influenciam o estilo da liderança, não posso deixar de notar que os melhores líderes se fazem rodear de pessoas de qualidade. Por outro lado, os líderes fracos preferem ter a seu cargo e na sua dependência lacaios de vassalagem, que concordem sempre consigo, que não tenham espírito critico, nomeadamente para com o próprio líder, e que, acima de tudo, não assumam qualquer destaque, que não lhe façam sombra alguma, que aceitem as suas ideias e posições sem critica ou oposição, só porque… vêm do líder.
Para manter a vassalagem, o líder fraco promete prebendas, aumentos, nomeações, para que, na expectativa, os liderados se mantenham sempre em linha de concordância e até cheguem a violar a sua própria consciência. E os que não concordam são hostilizados, afastados dos processos e acabam por desmotivar, maior risco das organizações.
O líder será sempre forte se delegar competências. A melhor arte do líder é conseguir tornar-se inútil. Será sinal de que a sua equipa, o seu grupo, está a trabalhar convenientemente, e a sua ação será, nesse momento, reconhecida como de verdadeiro líder, como conselheiro, como motivador, como garante da organização. Porém, tem de decidir, tem de ser sempre reconhecido como o topo da cadeia e a melhor pessoa para, depois da discussão, tomar a decisão.
O bom líder tem de envolver as pessoas, não pode decidir sozinho. Tem de influenciar as pessoas para o atingir de objetivos, tem de conversar, tem de ouvir a opinião daqueles que compõem o seu grupo, e não decidir primeiro e depois arranjar os argumentos para convencer os seus liderados a defender a posição que já lhes foi dada como adquirida. O bom líder define a estratégia com antecipação, e, sobretudo, com a participação de todos.
Um líder que não tenha estratégia, por vezes até para se servir desse facto para não ter responsabilidades, é um líder que não alcançará os seus objetivos e que será penalizado por isso.
É pois essencial o contexto em que se desenvolve a liderança, aparecendo este como o terceiro factor a par do líder e do liderado. O contexto pode exigir alterações da estratégia de liderança, da forma como ela se efetiva, ajustando-se à realidade conjuntural e às pessoas que compõem a equipa.
E na atualidade é muito importante saber liderar, para que as organizações, sejam elas empresas, entidades públicas, associações recreativas, culturais, desportivas ou sociais, politicas ou outras, possam enfocar-se nos seus objetivos, desenvolver os seus processos e alcançar os melhores e mais eficientes resultados.
Ramiro Matos
Advogado