Ter, 21 Janeiro 2025

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Praxe

PEDRO MENDONÇA

A minha relação com a praxe universitária resumiu-se a duas situações. À fuga que fiz de um “tribunal” de praxe, para onde me levaram como "prisioneiro" após terem entrado em minha casa sem ser convidados, acusando-me de recusar participar em imbecilidades e de chamar idiotas a quem as liderava e a quem a elas submetia; e à proteção que passei a dar mais tarde, a todos aqueles que, acabados de chegar à universidade, preferiam integrar-se a beber copos e a conversar na mesa da esplanada onde eu e outros pousávamos perto da entrada do estabelecimento de ensino, com o intuito de oferecer proteção aos caloiros.

A praxe é tudo o que tem sido dito. É sem dúvida a prova que a sociedade falhou em “passar” às novas gerações os valores da democracia. É Fascismo e Autoritarismo puro porque apenas se baseia na obediência cega a hierarquias baseadas em número de matrículas. É uma prática sádica de quem as dirige a rir, uma prática de masoquismo de quem a sorrir é humilhado e é, além de muito mais, um hino ao mau gosto e à obsessão porno mais própria de adolescentes de quinze anos que de jovens de universitários. E aqui nem refiro às praxes que matam.

Além da gravidade que é a cumplicidade das Universidades, dos pais, da polícia e de outros, a praxe demonstra também claramente o que muitas vezes o ser humano é capaz de fazer para participar no que julga ser a normalidade. O desejo de fazer parte de um grupo, que dá uma falsa sensação de segurança, leva jovens aparentemente saudáveis a ter práticas doentias e com elas sentir-se mais “normal” no meio em que deseja ser aceite. E é aqui que me preocupo a sério.

Se a geração mais bem formada do país se predispõe a atos imbecis para ser aceite e ser considerada normal, quem nos garante que no futuro e em nome dessa aceitação e dessa busca em participar no que se julga “normal”, não andem de braço estendido fazendo a saudação fascista caso seja para aí que a sociedade caminhe. Não nos podemos esquecer que na Alemanha do final da década de trinta do século XX era normal ser-se nazi.

 

Pedro Mendonça

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