O passado dia 5 de Outubro, dia da comemoração dos 102 anos da implantação da república em Portugal, marcou uma época, definiu uma linha temporal. Será, no futuro, identificado nos manuais de História como o princípio do fim, como o dealbar de uma nova forma de viver e entender a coisa pública, o povo e as relações de poder. A forma como irá isso acontecer dependerá em grande medida de todos nós.
No passado dia 5 de Outubro, a república foi colocada em standby pelo seu presidente, não só porque hasteou a bandeira nacional, como se um par de cuecas se tratasse, pois nem reparou que se encontrava de pernas ao ar, mas principalmente porque à semelhança dos períodos revolucionários, do fim da monarquia e do fim da 1ª república, escondeu-se, fugiu aos Portugueses, trancou-se a sete chaves e assobiou para o ar como se nada tivesse acontecido neste burgo desgraçado.
Depois de todas as trapalhadas que temos assistido impávidos e serenos, sem manifestação de monta, temos de suportar agora o mais humilhante ataque aos nossos direitos enquanto cidadãos. Não que esse ataque não tenha já começado há bastante tempo, mas tem-se desenvolvido com uma intensidade redobrada nos últimos anos.
Depois de comprovarmos a falta de ética, a opacidade, a ganância, a trafulhice, a vigarice a falta de humanidade que tem grassado nos nossos governos. Depois de perdermos a esperança numa solução que nos tentam impingir como única, como de vida ou de morte, como a derradeira hipótese antes do apocalipse.
Devemos então dizer: CHEGA!
Não queremos mais mentiras, chega de jogos, basta de roubarem. A partir daqui quem manda é o povo. Somos nós, cidadãos de um país esquecido que quer mudar. Somos nós, cidadãos fundadores de uma 4ª república, numa democracia que viva para o povo e pelo povo, que escrutine e participe activamente na política, que actue por si ou nome de movimentos ou partidos, mas que nunca perca o norte e lute sempre por mais transparência, mais ética, mais humildade, mais verdade.
O futuro político, social e económico deste país depende de nós, de todos nós. Só nós podemos mudar este regime podre e bolorento e transformá-lo naquilo que tanto os ideários Republicanos, quanto os de Abril almejavam: Liberdade; Igualdade; Fraternidade.
Exijamos pois que o poder nos seja entregue, exijamos que a política seja entregue aos cidadãos, exijamos um futuro para os nossos filhos, porque se não formos exigentes com a democracia, a democracia que desejamos poderá transformar-se num pesadelo.
Paulo Cristiano Marques