O verão corre lento e quente, mas não em demasia, não o suficiente para impedir que nos esqueçamos das crises, sejam elas económicas, sociais, desportivas ou outras, nem que nos esqueçamos do que é transparente, claro e coerente.
Tudo isto a propósito de um novo imposto que teremos, nós cidadãos de suportar em Almeirim. A denominada taxa municipal de protecção civil, que segundo o vice-presidente da autarquia e responsável pela protecção civil sr. Pedro Ribeiro servirá para financiar a protecção civil municipal e consequentemente os Bombeiros Voluntários de Almeirim, organização da qual é o presidente em exercício.
Apesar da boa vontade demonstrada com uma campanha muito interessante e intensa na comunicação social local e regional, coisa nunca vista até recentemente, numa demonstração clara do poder que as palavras revelam e do poder de quem publica, devo em abono da verdade protestar e repudiar claramente mais esta acção de desresponsabilização da “coisa pública” perante os cidadãos.
Estamos a ser coagidos a pagar todos os serviços que utilizamos, mesmo que os tenhamos já pago sob a forma de impostos. Para que servem então os impostos? O que pagam? Que tachos suportam?
Não é admissível que os cidadãos deste município, em decadência como muitos outros, abandonado e em letargia já há alguns anos, tenha de suportar mais impostos, tenha de financiar a protecção civil de forma pouco transparente, uma função que é claramente responsabilidade do próprio município.
Não é admissível que sejamos colocados na posição de sócios forçados de uma associação de bombeiros VOLUNTÁRIOS, ou seja, o voluntário só serve para o bombeiro, não serve para o sócio, o que é no mínimo curioso.
Nada me move contra os Bombeiros Voluntários de Almeirim; aliás, até sou sócio voluntário, com quotas pagas, mas deixarei de ser, porque se sou forçado, então não posso ser voluntário, certo?
Dizia eu que nada me movia, mas também não sei que valor da futura taxa servirá para apoiar os Bombeiros, nem que valor servirá para o funcionamento de veículos não essenciais à função. E não digam que poderei precisar dos bombeiros, porque já precisei e não me puderam ajudar, mas nem por isso deixei de pagar as minhas quotas…
Para terminar, que a conversa já vai longa, para mais numa tarde tão quente, volto a dizer que acho muito pouco transparente, que uma taxa que mais ninguém (outros municípios) aprova, tenha sido aprovada em sessão de câmara e a favor da protecção civil, por um vice-presidente, que também é responsável por aquela entidade, com o intuito de atribuir verbas aos Bombeiros de que é presidente…
E o saudoso Fernando Pessa terminaria assim: E esta, hein?…
Paulo Cristiano Marques