Quem visitou a Feira Nacional da Agricultura/Feira do Ribatejo encontrou um Portugal cheio de oportunidades e onde a esperança escondeu o desânimo que se apoderou da maioria dos portugueses. Não faltaram as palavras de incentivo do Presidente da República, Primeiro Ministro e Ministra da Agricultura, em contraste com os lamentos dos líderes dos partidos da oposição. Estiveram lá todos, acompanhados de longas comitivas com algumas caras e “cromos” que já nos habituámos a ver na Feira da Agricultura há mais de 20 anos, sempre colados aos líderes e à procura da melhor posição para aparecer no “telejornal”.
Alheio às obrigações dos políticos, um mar de gente invadiu o Centro Nacional de Exposições, comeu, bebeu e consumiu, mandando a austeridade às ortigas. Com sandes a 6 euros e copos de vinho a 1,5 euros, nem parecia que estávamos num país á beira da bancarrota e a sobreviver à custa das “ajudas” externas. Mas os portugueses precisam destes momentos de alegria que nos elevam a auto-estima e acentuam o orgulho de ser português.
Portugal tem de aproveitar a crise como uma oportunidade para recuperar o potencial da agricultura, da pecuária, das pescas, do turismo, dos vinhos, da cortiça, do azeite e de todos os produtos nacionais de grande qualidade que produzimos como ninguém.
Temos tudo para ser um país mais desenvolvido e menos dependente dos outros. Sol, terrenos férteis, água de qualidade, mar, massa crítica, académicos prestigiados e gente que sabe trabalhar, desde que motivada. Só nos tem faltado estratégia, bom senso e gestores da coisa pública honestos e que saibam honrar as funções que lhe são confiadas, premiando o mérito de empreender no setor público e no privado.
Em poucas horas na feira foi possível ver o país de Norte a Sul, com uma maravilhosa incursão pelas ilhas dos Açores e da Madeira e nem faltou o espaço da Mc Donald que ofereceu milhares de gelados com aromas de pêra da rocha da região Oeste, Cerejas das Beiras e ananás dos Açores. Nem mesmo os mais conservadores resistiram a estas “americanices” pintadas com sabores nacionais. Tudo o que é grátis é sempre bem vindo num país que nos explora até ao tutano!
Aceitando as críticas dos ribatejanos de outros tempos, que continuam a defender o modelo da feira tradicional, dos anos 80 do século passado, temos no CNEMA um espaço único no país com uma feira de nível internacional onde se promove o melhor que se faz em Portugal. Mas, também um espaço de promoção das tradições ribatejanas com a figura ímpar do campino, as largadas de toiros, os grupos folclóricos da região, as bandas de música, a gastronomia e os vinhos ribatejanos de excelente qualidade, numa mistura de sons e sabores que nos fizeram sentir que o Ribatejo está vivo e recomenda-se.
Façamos um reconhecimento profundo a todos os carolas, bairristas, que continuam a dar tudo pelas suas vilas e aldeias e aos municípios que apoiam as associações e os grupos locais porque as Entidades da Administração Central promovem o turismo de elites no estrangeiro e ignoram as raízes mais profundas do Puro Ribatejo.
Esta região tem uma oferta variada e um potencial que passa pelo rio Tejo, pela cultura avieira, pelas herdades com coudelarias, ganadarias ou montado, pela gastronomia, pelos vinhos, pelo folclore e pelos museus. Temos passeios ao ar livre: a pé, de BTT, de canoa, de cavalo ou em balão de ar quente que nos ajudam a cuidar do físico e a limpar a alma.
Este é o momento para promover o Ribatejo e pegar as oportunidades de caras e sem medo como os valentes forcados ribatejanos pegam os toiros na arena. Se hesitarmos, seremos colhidos por esta máquina demolidora da globalização.
O Ribatejo está às portas da Grande Lisboa onde vivem 2 milhões de portugueses e onde chegam diariamente milhares de turistas que se limitam a visitar a cidade, a ir a Fátima, ouvir fado e pouco mais…
Nelson Silva Lopes
Eleito na Assembleia Municipal de Benavente