Os portugueses perderam a confiança nos políticos e é normal ouvir dizer que “são todos iguais, querem é tachos e orientar as suas vidas e a dos amigos”. A culpa desta descrença, desconfiança e até revolta é de alguns políticos, com altas responsabilidades nacionais e locais, que nos deram razões mais que suficientes para ficarmos , no mínimo, desconfiados.
Um destes dias, uma reportagem na televisão, mostrou um cidadão que disse sobre um gestor político: “ele está preso porque roubou, mas é um grande homem , conheço-o muito bem e faz muita falta”.
Alguns cidadãos habituaram-se à ideia de que o importante é a obra feita, mesmo que o gestor político seja desonesto, burlão ou corrupto. Há uma crise de valores, e esta não se resolve com ajudas da Troika, e mais austeridade.
Há uma tendência para a generalizações, para a qual, a comunicação social e alguns partidos muito têm contribuído. Mas será que todos os políticos são desonestos e corruptos?
Estudo há muitos anos a política nacional e local, e tenho a convicção que a maioria dos políticos que conheço é formada por pessoas honestas, idóneas que prestam um importante serviço às comunidades e instituições que servem.
Relevo, de forma particular, os eleitos locais nas freguesias e municípios, onde, dada a proximidade, os políticos são fiscalizados todos os dias pelos eleitores. A maioria dos autarcas presta um serviço imprescindível às populações.
Esta semana um presidente de junta confessou-me que uma velhota, sentindo a aproximação da morte, pediu-lhe o conselho sobre a quem deveria deixar os parcos bens que tem e disse-lhe “só me confessei a si e ao Senhor Padre” Esta confiança constrói-se todos os dias porque as pessoas ainda vêm nos eleitos locais alguém que os ouve e que os pode ajudar.
É injusto que uma larga maioria dos eleitores considere que são todos farinha do mesmo saco. Esta ideia faz com que cidadãos honestos e de reconhecida competência profissional, recusem integrar as listas porque não querem arriscar perder a credibilidade que construíram. Desta forma fica limitado o leque para a seleção dos futuros autarcas. Apesar da proliferação de listas, quantidade não é sinónimo de qualidade.
Os candidatos às eleições autárquicas de 29 de setembro devem desmistificar estas ideias feitas e nos contatos diretos com os eleitores esclarecer que uma maçã podre não é motivo para abater um pomar.
Nelson Silva Lopes
Eleito na Assembleia Municipal de Benavente