A morte de oito bombeiros no combate às chamas mobilizou o país para uma onda de solidariedade que evidencia a consideração e respeito que os portugueses têm para com os Soldados da Paz.
Cátia, Fernando, Bernardo, António… e mais quatro voluntários protagonizaram a abertura dos telejornais porque foram vítimas do seu espírito abnegado, do seu amor ao próximo, da sua vontade de servir.
Ser voluntário é uma condição que não se explica, só quem serve sem se servir, sabe entender o que move estas mulheres e homens que, no anonimato, prestam um serviço notável ao país com sacrifício pessoal e das famílias.
Tenho o privilégio de acompanhar a associação de bombeiros de Samora Correia desde o seu nascimento e de conhecer mulheres e homens que servem esta causa em várias corporações há mais de 25 anos. Enquanto jornalista, estive várias vezes na frente do fogo, vi e senti a amargura, o desânimo, a revolta, mas também a alegria de quem cumpriu com sucesso uma missão e a gratidão dos que viram salvar as suas vidas e os seus bens.
Percebi que o fogo é traiçoeiro, tão traiçoeiro quanto os incendiários que pelas razões mais fúteis lançam o fogo com consequências sempre imprevistas.
A maioria dos bombeiros que perderam a vida não foi por falta de experiência ou formação, foi porque esta é uma luta desequilibrada. O inimigo é mais forte e há novos fenómenos na natureza que exigem estudo mais aprofundado, a revisão de estratégias e táticas e o reforço dos equipamentos de proteção individual e dos meios terrestres e aéreos.
Esta é uma tragédia nacional, que atravessa Portugal , atingindo todas as corporações, porque os bombeiros são uma família. Os bombeiros fazem parte da nossa família. Nos momento de aflição, quer seja por fogo, acidente ou doença súbita, são eles que nos aparecem.
Tudo o que possamos fazer para ajudar os bombeiros deste País, não será demais. Os bombeiros são verdadeiros heróis que lutam com sangue, suor e lágrimas. Não podem ser de novo esquecidos, quando terminar a época de fogos.
Este momento de luto, deve ser o ponto de partida para a revisão das políticas de prevenção e combate aos fogos e para que cada um assuma as suas responsabilidades perante este flagelo nacional.
Há voluntários que sacrificam as suas vidas ao limite por esta causa. E o Estado não tem reconhecido isso e não tem sido grato quando lhes vira as costas no momento em que mais precisam. Tem valido a solidariedade dos colegas e amigos e de alguns municípios, como por exemplo Benavente, que têm a coragem de sacrificar alguns investimentos para manter o apoio imprescindível às suas corporações de bombeiros.
Bem hajam todos os bombeiros. Envolvo-os num abraço de solidariedade e gratidão!
Nelson Silva Lopes
Técnico de Comunicação
