Que o executivo municipal tenha como objetivo reestruturar (prolongar) a divida contraída junto da banca de forma a que o esforço de tesouraria seja aliviado, até se compreende. Afinal, a situação de rutura financeira do município é tão óbvia que só mesmo quem vive num mundo de virtualidade absoluta (o tal reino dos Pokémon) o poderia negar.
Também agora não se estranha que quando um dos deputados municipais do movimento ‘Todos por Alpiarça’ pretendeu demonstrar a fragilidade das finanças municipais através de uma projeção vídeo, tenha sido interrompido com a retirada abrupta do cabo de alimentação do seu computador. Tudo ao bom e velho estilo estalinista.
E que os bancos recusem financiamentos a quem não demonstra capacidade financeira para os liquidar não é nada que espante o comum dos mortais, à exceção dos que vivem no reino dos Pokémon. Estranho é que um Presidente de Câmara quando confrontado com essa realidade, vá para a comunicação social choramingar sobre o assunto, apontando como causa da recusa de financiamento as ‘dificuldades de liquidez dos bancos’. Ou seja, no seu mundo virtual, o problema é do credor, não do devedor.
Naquele seu mundo de virtualidade absoluta (o tal reino dos Pokémon), o Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça ainda não percebeu (ou não quis perceber) o funcionamento do mundo real (nada de estranhar, atendendo à sua formação ideológica).
Aqui deixo a minha colaboração para o ajudar a tentar compreender o que realmente aconteceu:
- Quem tem dinheiro para emprestar, financia quem demonstrar ter capacidade para honrar a dívida. Ninguém empresta dinheiro a quem passa a vida a queixar-se da falta de dinheiro e da incapacidade de gerar receita, nomeadamente nos jornais e redes sociais;
- Ninguém empresta dinheiro a alguém, não havendo quaisquer garantias. Estando as receitas do município penhoradas ao Banco Santander (principal credor do Município de Alpiarça), é normal que este não se mostre muito disponível para abdicar dessas garantias;
- Pedir 5 milhões, não é a mesma coisa que pedir 5 mil. É natural que o envio de um oficio pelos CTT não seja suficiente, e que se transforme num convite para que o Banco deixe expirar o prazo de resposta;
- E por falar em prazos, só mesmo quem vive no mundo dos Pokémon, acha que pedir 5 milhões de euros não demonstrando objetivamente como os pretende liquidar, ainda se lembra de impor um prazo de resposta de 30 dias às Instituições Financeiras.
Dispensando as metáforas, ironias, metonímias e a retórica, é a mesma coisa que enviar uma carta para os Bancos com os seguintes dizeres:
“Bom dia Grande Capital,
Estamos à rasca e a precisar urgentemente de 5 milhões de euros. Têm 30 dias para nos responder. Não nos peçam garantias que já não há. Daqui a 1 ano temos eleições. Se alguma coisa correr mal, entendam-se com os que vierem a seguir.
Cumprimentos,
O Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça”
Percebem agora porque Alpiarça é a terra dos Pokémon? E o Presidente da Câmara é o rei dos Pokémon, ou o Pikachú de Alpiarça.