Qua, 23 Abril 2025

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A Semana do vale tudo

JOSÉ FREITAS, empresário

Em plena semana académica, vejo que de académica já nada tem. É verdadeiramente a semana do vale tudo, com as portas do inferno abertas de par em par para que os diabretes possam sair e dar uso a todos os seus instrumentos de mal fazer.

De ano para ano assiste-se a uma terrível degradação social desta gente. T-shirt vermelha da sagres, um garrafão de vinho na mão, tipo “olha para mim que sou muito macho/fêmea” e o resto é um perfeito concurso de estupidez, de selvajaria, de comportamento anti-social.

Como se divertem estes “académicos” de hoje? despejam com a máxima força dos pulmões toda a espécie de vernáculo que lhes vem à memória. Medem o machismo pela asneirada que gritam, pelos estragos que fazem, urinam nas montras das lojas em pleno dia, nos carros, vomitam onde bem lhes apetece, mandam pelo ar as garrafas de bebida que não lhes deviam ter vendido (porque a Lei o impede)

Alguém lhes disse, alguma vez, que é preciso estarem bêbados para se divertirem? Alguém lhes disse que gritar todo o tipo de calão pelas ruas durante a noite é engraçado? Alguém lhes disse que os homens e as mulheres não se avaliam pelo grau de estupidez que conseguem mostrar?

Deviam ser obrigados a ver vídeos das semanas académicas, onde os estudantes fizeram tremer uma ditadura, onde mais importante do que ficar rapidamente bêbado, era lutar pelos interesses da sua classe, melhorar a sua condição, conquistar direitos.

Queixam-se que a cidade os ignora, que não participa, que não os apoia. Devia apoiar? Devia eu apoiar quem, hoje, vomitou o patamar do prédio onde vivo? Quem, ontem, urinou na montra da minha empresa? Acaso devia? Devia eu apoiar quem encheu a avenida onde vivo de garrafas de vidro partidas?

Confesso que tenho saudades de ver a tuna (e os alunos) da escola superior agrária a cantar “ao alto charruas, mais alto charruas”, com sentimento, com emoção contagiante para quem ouvia e sem um terrível bafo a vinho tinto ordinário.

Confesso que tenho saudades de sair à rua para ver os estudantes, porque hoje me fecho em casa e fecho as janelas por causa dos estudantes.

Confesso que me assusta imaginar um futuro, próximo, em que os nossos técnicos, engenheiros e advogados, vão ser esta gente que hoje nos provoca ao longo de longas noites com os seus berros de má educação, que não têm outro objectivo senão provocar, como se tudo lhes fosse permitido, como se tudo fosse um direito, sem deveres associados.

Espera-os um futuro incerto, onde não há sequer lugar para eles. O que fazem para alterar isso? Transportam uns garrafões de vinho que nem sabem beber, mandam pelo ar umas garrafas, ignoram o respeito pelos outros, provocam, com ordinarice, mas sem contestação, lamentam-se, queixam-se… mas não lutam. Acham que a felicidade não tem de ser conquistada. Que é um direito! Tão enganados que eles estão…

Não é de esperar que fossem a vanguarda da contestação social, que liderassem ou promovessem revoluções sociais. Que fossem contestatários simplesmente. Mas é exigível que se comportem como pessoas que vivem em sociedade e têm regras sociais.

As juventudes partidárias faziam das associações de estudantes campos de batalha. Lutava-se por elas. Tinham força, tinham representatividade. Hoje são ignoradas e ninguém quer saber quem são os dirigentes estudantis, ou se há dirigentes estudantis. Porque será?

 

JOSÉ FREITAS, empresário

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