Dom, 18 Maio 2025

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Esta rotina é lixada.

jeronimo jorge

Jerónimo Belo Jorge

Acordar e a primeira coisa a fazer é ligar o telemóvel perceber se há mensagens ou alguma chamada perdida. Ligar o facebook e percorrer o timeline em busca de notícias dos amigos que na terra andam sem sono, de volta da besta que teima em não largar os meus concelhos. Sim, os meus. Abrantes, Mação, Sardoal e Gavião.

Depois perceber que meios estão no terreno. Tudo na mesma. Fogo de Mação e Gavião com mais de 1000 operacionais.

Vejo na televisão que o governo decreta o estado de calamidade preventiva. Para os meus concelhos não trás nada de novo. São medidas que localmente já são aplicadas sem estatutos.

Na tv vejo um pequeno frente-a-frente entre dois deputados. Vejo o Duarte Marques vestir a pele do interior. De Mação. Do seu concelho. Não gostei do Galamba ter dito que Portugal não é só Mação. Não devia ter dito. Neste caso, em particular, mais valia o silêncio.

O Duarte, que faz o favor de ser meu amigo, disse claramente que há problemas. Há vento. Há mau ordenamento. Há dificuldade de meios. Há a floresta cheia de combustível. Há os muitos focos e a divisão de meios. Há falta de coordenação da proteção civil.

E apontou o dedo. Não, não foi à ministra como podia ser vindo de um deputado da oposição. Foi ao coordenador nacional da Protecção Civil. E diz mais, a ser verdade é grave, que a protecção civil engana até os governantes a propósito dos meios alocados aos incêndios. E disse, na televisão, ter um sms com as matrículas dos 14 meios aéreos mas que eram só seis.

Mais. Afirmou que a ministra, e bem, às 16 horas de quarta-feira tinha anunciado reforço de meios mas que os mesmos só chegaram ao teatro de operações por volta da meia noite. Aqui reside também uma parte das minhas dúvidas. Na Protecção Civil em Lisboa.

Não sou especialista em fogos, muito longe disso. Mas como observador privilegiado da protecção civil ao longo de muitos anos, nota-se qualquer coisa de diferente.

Há meios no terreno e muitos. Mas porque raio chegam tantas vezes atrasados às aldeias que quase são engolidas pela besta. Não são os homens e mulheres que andam lá. São aqueles que alocam os meios aos locais.

Então se o fogo vai a caminho da Louriceira não há meios para colocar lá? Ou na Queixoperra? Ou em Ortiga? Ou em Mação.

Bem sei que 250 viaturas, das quais 30 ou 40% serão de comando, não chegam a todo o lado mas gaita não deveriam fazer a defesa das aldeias. Bem sei que a área é gigante e ele, o fogo, correu mais depressa que os bombeiros mas qualquer coisa se passa quando o presidente Vasco Estrela (C M Mação) pergunta constantemente onde estão os meios que não os vê. E os jornalistas, mesmo os sensacionalistas, mostram os populares e alguns bombeiros a defender as povoações.

Ou terá razão o presidente Miguel Borges (CM Sardoal) que diz, repetidamente, que a protecção civil nacional está assente em pés de barro?

E não acho (não sou especialista) que os problemas com o Siresp sejam a desculpa para tudo.

O fogo continua na minha aldeia. Como continua por Mação. E agora por Gavião. E temo que só quando acabar a floresta ou quando o S. Pedro quiser é que ele pára.

Quanto aos bombeiros, uma palavra, uma dúzia, um milhar. Eles andam lá. Combatem uma luta desigual. Acredito que face à desigualdade, muitas vezes, tenham vontade de voltar para trás. Mas não. Ficam até aos limites. E não merecem certas críticas a que muitas vezes são sujeitos.

Mação ardeu 95%. Sardoal uma mancha enorme. Gavião idem. Abrantes norte igualmente.

Como diz o comandante Adelino Gomes, de Constância, isto é uma guerra, “isto é terrorismo”. Se calhar devia ser encarado como tal.

Sexta-feira, 18 de agosto, 8h00. O fogo continua há mais de uma semana nos “meus” concelhos e nos vizinhos…

Jerónimo Belo Jorge

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