O tempo passa e as práticas permanecem. E infelizmente não me refiro aqui às boas práticas… Para termos consciência disso, basta ligarmos a televisão, a rádio ou lermos notícias.
A corrupção pura e dura, as nomeações dos amigos pessoais ou partidários, os aproveitamentos financeiros, estão permanentemente a ser apontados. E ainda bem, pelo menos valha-nos essa real evolução. Agora fala-se e vêm a lume muito mais temas destes do que aqui há ainda bem pouco tempo.
E se isto se passa a nível nacional e até podemos mesmo generalizar para a Europa e para o mundo, também se passa a nível local, municipal no caso, onde poderíamos supor que a pequena dimensão e tudo se passar mais em “família” contribuiria para que essa prática fosse diferente. Mas parece que não.
E vem isto agora aqui à baila por esta semana termos todos nós munícipes de Santarém tomado conhecimento de mais pormenores sobre a recente nomeação da nova diretora financeira e administrativa das Águas de Santarém, que é uma empresa municipal, como é sabido.
É que, à semelhança de situações passadas em anterior mandato, esta senhora não é propriamente uma escalabitana, nem de origem, nem por residência ou anterior ligação! E parece também muita coincidência que seja nomeado alguém que, talvez por acaso do destino…, é casada com o presidente da concelhia do PSD de Lisboa, que é simultaneamente diretor da Microsoft para a Europa Ocidental, Microsoft que aparenta também não aparecer aqui por acaso …
E vem ainda mais a propósito este assunto porque, ao que foi noticiado, o presidente da Câmara Municipal de Santarém terá dito na reunião de Câmara e em resposta a críticas da oposição sobre esta nomeação, que “Eu sou o presidente, contrato quem quero!”. Neste caso, referia-se a ser presidente da referida empresa municipal, ao que admito.
Sei que Ricardo Gonçalves podia estar exaltado, incomodado e saturado da pressão político-partidária da oposição que, aqui como noutros lados e situações, sabemos por vezes ser exasperante, despropositada e desproporcionada, visando explicitamente marcar pontos no respetivo partido ou para o respetivo partido, nem sempre da forma mais apropriada. Mas haja trambelho! Aquilo não se diz. Não se trata aqui de um senhor todo-poderoso, qual antigo alcaide de Santarém!
Tenho muitas vezes aqui e noutros locais dito, e continuo a considerá-lo apesar de ocasionais episódios menos felizes, que o nosso presidente de Câmara é um homem de bom senso e sobretudo conciliador. Não é por ter sido meu opositor nas passadas eleições autárquicas de 2013 que deixo de o pensar e de o dizer.
Esperemos que este tenha mesmo sido um momento menos bem conseguido de Ricardo Gonçalves e que volte a usualmente comportar-se de forma que me deixe manter a imagem que tenho dele
Francisco Mendes