A maior parte das Semanas Académicas já decorreram por todo o país e o balanço já era o esperado, porque de ano para ano os resultados não melhoram. Os títulos que a comunicação social atribui a estes festejos traduzem o que realmente são: noites de excesso de álcool, drogas e sexo.
O Jornal de Notícias refere que o ”Excesso de álcool chumbou jovens na semana académica”, enquanto o Diário de Notícias menciona a existência de“86 comas alcoólicos em dois dias de Queima”.
Não sou radical em nenhuma matéria a não ser com as praxes académicas, que abomino e tenho repulsa a todos os estudantes que as fazem e deixam fazer, e como em quase todos os temas, não existe apenas um lado bom ou mau. No caso das Semanas Académicas considero que a boémia que se vive nestes dias serve de álibi para que centenas de estudantes entrem em coma alcoólico.
Pode não haver dinheiro para a renda da casa ou para as propinas, mas um estudante que se preze tem de ir à Semana Académica… e às praxes, acrescento ainda. Alguma coisa está mal quando se gasta milhares de euros para…nada.
Segundo um comunicado de um partido político de Tomar, este ano a câmara decidiu não apoiar os alunos com os festejos da Semana Académica. Rio-me quando leio no mesmo comunicado que “uma semana académica envolve muito mais do que os alunos; envolve as suas famílias, muitas delas fazendo um esforço considerável para proporcionar aos seus filhos um grau de ensino superior…”. Rectifico: a Semana Académica envolve os pais dos alunos na Bênção das Pastas e Queimas das Fitas, ou seja, estes ocupam apenas um dia de uma semana (ou mais) que os festejos podem durar.
As semanas académicas podiam e deviam servir de cartaz turístico para cada região, chamando pessoas de todo o país, sem ser pelas razões que são actualmente. Gostei de ouvir o Secretário-Geral da Semana Académica de Coimbra, André Gomes, afirmar que o modelo actual da Queima das Fitas precisa de sofrer alterações para poder sobreviver. Este estudante diz ainda que a Queima das Fitas não se resume ao parque dos concertos e, “também por isso, é muito redutor considerá-la uma espécie de festival de música.
A queima é desporto, é cultura, é lazer, é solidariedade”. Mais uma afirmação politicamente correcta. Onde há desporto? E cultura? Já para não falar na solidariedade, que bem podia servir de mote para uma Semana Académica proveitosa.
Estou certo que estes festejos não vão mudar de modelo nos próximos anos. É como o Verão estar associado a incêndios, por mais anos que passem e por mais prevenção que se faça, haverá sempre fogos.
André Lopes
Jornalista e Blogger