A última sessão do julgamento da família da Fajarda, concelho de Coruche, que está acusada de ter sequestrado e violentado uma idosa de 74 anos e o seu filho deficiente, de 46, ficou marcada por um episódio insólito.
A própria vítima, Jacinta Formigo, foi chamada a depor, mas acabou por não perceber uma formalidade legal que a juiz-presidente do coletivo lhe transmitiu, e saiu da sala de audiência sem relatar ao tribunal os episódios de maus tratos descritos na acusação do Ministério Público (MP).
A magistrada do Tribunal de Santarém tentou várias vezes explicar à idosa que não prestar declarações é um direito que lhe assiste, visto ser mãe de um dos arguidos no processo, podendo ou não exercê-lo, mas Jacinta Formigo baralhou-se e ficou com a ideia que o tribunal, afinal, não a queria ouvir.
Visivelmente confusa, a idosa só percebeu que podia ter prestado depoimento já fora da sala de audiência, à conversa com a Rede Regional e com uma funcionária do lar de Salvaterra de Magos, instituição que a acolhe desde que foi resgatada aos agressores pela Polícia Judiciária.
Recorde-se que no banco dos réus estão um filho de Jacinta Formigo, duas ex-noras, duas netas e o ex-marido de uma delas, acusados dos crimes de sequestro, extorsão e violência doméstica por terem mantido em cativeiro a vítima e um filho deficiente profundo, Carlos Bento, durante 57 semanas, entre 2008 e 2009.
Segundo a acusação do MP, os arguidos, com o objetivo de ficarem com as reformas das vítimas, mantiveram-nas presas em casa a cadeado, isoladas e sem contacto com o exterior, tendo ambas passado fome e sede, sofrido maus-tratos, além de terem sido privados de cuidados de higiene e médicos.
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