Nesta primeira sessão, foi ouvida a vítima, Bruno Videira, que relatou ao coletivo de juízes a agressão de que foi alvo com uma faca de cozinha, e que lhe deixou uma cicatriz com 32 centímetros no peito.
“Vi os intestinos quase a sair da barriga”, disse a vítima, que se emocionou várias vezes ao recordar o episódio, e referiu que chegou a pensar que não ia sobreviver, ao ver-se a esvair em sangue enquanto a arguida “fazia a mala” para fugir do apartamento onde residiam, na Rua Pedro Santarém.
Recorde-se que Cristiane Oliveira andou a monte cerca de um mês e só se entregou voluntariamente às autoridades cerca de um mês depois, quando estava escondida no Algarve.
O homem, de 28 anos, explicou que a briga teve origem numa simples cena de ciúmes armada por Cristiane Oliveira, de 37 anos, por este ter estado a pintar um estabelecimento de estética de uma amiga.
Ao chegar a casa, e depois de uma discussão verbal, a arguida muniu-se de uma faca de cozinha e seguiu-o até ao quarto, esfaqueando-o no peito, no sentido vertical, quando se preparava para despir a roupa e ir tomar banho, segundo afirmou ao Tribunal.
A tentativa de homicídio foi o culminar de uma relação conturbada que durou cerca de dois anos, marcada pelos instintos possessivos e ciumentos da mulher, que controlava os relacionamentos sociais e familiares da vítima.
Bruno e Cristiane já eram vizinhos na casa da Rua Pedro Santarém e trocavam cumprimentos quando se cruzavam nas escadas, mas falaram pela primeira vez na casa de alterne onde a mulher trabalhava, numa noite em que o homem foi “beber um copo” com um amigo, em novembro de 2019.
Em fevereiro de 2020, Cristiane, que estava em situação ilegal em Portugal, mudou-se para a casa de Bruno em fevereiro de 2020, onde viveram em união de facto até à data da tentativa de homicídio.
Cristiane Oliveira, que está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Tires, está a responder por dois crimes, um de violência doméstica e outro de homicídio qualificado na forma tentada.
