Através de um manifesto tornado público há poucos dias, os trabalhadores do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) denunciam a frágil situação financeira desta instituição de solidariedade social, e apelam a uma “intervenção pública” para evitar o seu encerramento.
“A instituição apresenta dívidas de centenas de milhares de euros acumuladas a instituições bancárias, trabalhadores (falta de pagamento de subsídio de férias e falta de pagamento do vencimento na integra do mês de outubro) e a fornecedores”, denunciam os cerca de 100 trabalhadores no manifesto “Unidos pelo CRIA”, onde explicam que, “recentemente”, foram confrontados “com graves dificuldades financeiras, que colocam a instituição num beco aparentemente sem saída”.
No documento, os funcionários apelam a uma intervenção “em bom nome do serviço público”, e que salvaguarde o superior interesse das crianças, jovens e adultos com deficiência e incapacidade, das suas famílias e dos seus trabalhadores.
Fundado em 1977, o CRIA garante o bem-estar de crianças e jovens com deficiência intelectual, acolhendo, formando e apoiando a integração social destas crianças, jovens e adultos em risco de exclusão social.
Atualmente, conta com cerca de 370 utentes e desenvolve um trabalho diário nos concelhos de Abrantes, Constância, Gavião, Mação e Sardoal, através das respostas sociais Centro de Atividades Ocupacionais, Centro de Recursos para a Inclusão, Educacional, Centro de Reabilitação Profissional, Intervenção Precoce e Lar Residencial.
Segundo o manifesto, desenvolve ainda a sua atividade na comunidade regional através das equipas do Programa Operacional Apoio as Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC), com 301 beneficiários nos concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal, Rendimento Social de Inserção (ou RSI, com 150 famílias em Abrantes),e Rede Local de Intervenção Social (RLIS), com aproximadamente 500 processos nos concelhos de Mação e Sardoal.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da direção do CRIA, Nelson Carvalho, confirmou que a instituição “não pagou por inteiro os salários de outubro, num total de cerca de 15 mil euros”, e que tem “em atraso o pagamento do subsídio de férias”, além de “problemas recorrentes orçamentais e de tesouraria”.
Questionado sobre os problemas e o passivo do CRIA, o dirigente associativo apontou para valores “na ordem dos 800 mil euros”, a grande maioria de compromissos bancários, e para um “número excessivo” de funcionários.