Tendo em conta a realização da 3ª edição do “TEJOAlive”, este sábado, 19 de maio, num percurso de 12,5 quilómetros pelas margens do rio Tejo e Alviela, deixamos aqui um texto da autoria de Maria João Cardoso, engenheira do ambiente e chefe da Equipa Multidisciplinar de Ação para a Sustentabilidade (EMAS) da Câmara Municipal de Santarém.
“O TejoAlive é um projeto âncora do Município de Santarém, concebido na EMAS, com o propósito de aproximar os cidadãos aos valores naturais e cénicos do rio Tejo que identificam um território e um povo, enfrentado o desafio de construir uma cultura ambiental de Rota de Percursos Ambientais do rio Tejo associados à vivência, à perceção, às memórias auscultadas e à capacidade de fazer acontecer novos momentos para a criação de novas memórias pelas gerações que não tiveram a oportunidade de vivenciar ao bem-estar que um rio vivo oferece ao ser humano.
O rio Tejo faz de Santarém um território rico em património natural, detentor de espécies de flora e de fauna associadas a uma grande variedade de habitats aquáticos e terrestres ilustrando uma paisagem única.
Acreditamos que conhecendo e vivenciando os valores naturais associados ao rio Tejo, despertamos a consciência do valor deste Bem Comum, resgatando e criando novas memórias, que potenciam a capacidade coletiva de imaginar um Tejo Saudável.
Acreditamos que sem qualidade dos recursos naturais e sua abundância não haverá economia e não haverá saúde humana física e psicológica. A biodiversidade do rio Tejo deve ser nomeada como estandarte de um território que se deve reconhecer num padrão de desenvolvimento sustentável das suas populações atuais e futuras.
Os municípios são o ator chave na implementação de políticas públicas ambientais e na construção de uma cultura ambiental forte que permita o envolvimento dos cidadãos na tomada de decisão na lente da sustentabilidade.
Dar a conhecer aos cidadãos o rio Tejo enquanto reserva biológica e social que constitui um património de todos é o momento de oportunidade, no próximo Sábado, dia 19 de maio, com a presença de investigadores e especialistas em Ambiente e Conservação da Natureza que farão uma aproximação da Ciência aos participantes:
– Doutor João Gago da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) no ponto 1- Ictiofauna
– Doutor César Garcia da Faculdade Ciências da Universidade de Lisboa e curador da coleção de briófitos do Herbário LISU do MUNHAC no ponto 2- Flora
– Arq. Fernando Pereira do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) no ponto 3- Avifauna
– Biológo Rui Félix do Centro de Conservação das Borboletas de Portugal (Tagis) no ponto 4- Entomologia (insetos)
Apresenta-se o texto do Professor João Gago que ilustra o que se poderá aprender no ponto 1- Ictiofauna
TEJO ALIVE – COMPONENTE ICTIOFAUNA
“A ictiofauna do baixo Tejo é constituída por 44 espécies diferentes das quais 29 são espécies nativas e as restantes (15) são consideradas espécies exóticas, espécies oriundas de outras regiões que foram introduzidas no rio. É de realçar a presença da boga-de-boca-arqueada-de Lisboa (Iberochondrostoma olisiponense) com distribuição exclusiva no baixo Tejo. Dentro desta riqueza piscícola existem: espécies residentes (todo o ciclo de vida é realizado em água doce) como barbos, bogas e escalos (nativas), e peixes gato, pimpões e lucioperca (exóticas); espécies migradoras nativas (alternam fases do ciclo em água doce com fases em água salgada) como o sável, a savelha, e a lampreia-marinha (migradores anádromos – que se reproduzem nos rios) e a enguia (migrador catádromo – reprodução no mar); e espécies marinhas costeiras e estuarinas que, sendo eurihalinas, conseguem entrar nos rios, como as tainhas, o robalo e a solha.
Exemplos de espécies nativas (imagens):
Luciobarbus bocagei (barbo-comum) – autor da fotografia (Ferreira)
Iberochondrostoma olisiponense (boga-de-boca-arqueada-de Lisboa) – autor de fotografia (Filipe Ribeiro)
Petromyzon marinus (lampreia-marinha) – autor da fotografia (Bernardo Quintella)”
Maria João Cardoso, Engª do Ambiente