“Foi uma situação inadmissível, que nunca mais se deve repetir”, disse à Rede Regional João Xavier, presidente da equipa da casa, o GD Pontével.
Contatado pela Rede Regional, o INEM explica que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) recebeu o primeiro alerta às 17h07, e que, durante a chamada, “o utente recuperou a consciência, tendo recusado assistência ou transporte a uma unidade de saúde”.
Contudo, às 17h13, o CODU recebeu nova chamada a dar conta de um segundo desmaio, seguido de convulsão, o que levou ao acionamento de uma ambulância dos Bombeiros Municipais do Cartaxo, que não tinham nenhuma viatura disponível.
O INEM tentou então acionar meios de outras corporações, tendo encontrado uma ambulância disponível nos Voluntários da Azambuja, que chegaram ao campo pelas 17h37, à mesma hora a que chegou uma equipa dos Municipais do Cartaxo, que entretanto tinha despachado o serviço anterior.
Nessa comunicação, segundo o INEM, e uma vez que “o utente estava em paragem cardiorrespiratória e a receber manobras de Suporte Básico de Vida”, foi acionada de imediato a VMER do Hospital de Santarém, que só chegou ao local às 17h53.
Apesar das manobras de reanimação, não foi possível reverter o seu estado de saúde, tendo o óbito sido comunicado ao CODU às 18h17, pela equipa médica do INEM presente no local.
Situação é “profundamente lamentável” e deve “servir de alerta”
“Aquando da primeira chamada, não tínhamos como responder ao serviço pois a única ambulância que temos por turno estava ocupada noutro serviço”, confirmou à Rede Regional o comandante dos Bombeiros Municipais do Cartaxo.
Vítor Rodrigues considera o desfecho deste episódio “profundamente lamentável”, mas acrescenta que o caso deve servir de alerta para a enorme falta de meios com que muitas corporações de bombeiros se debatem atualmente, uma escassez que pode mesmo comprometer o socorro em situações urgentes.
“Quem estava a ver o jogo, viveu momentos de aflição a ver o homem ali estendido no chão durante meia hora, até chegarem as primeiras ambulâncias”, recorda o presidente do GD Pontével. Perante a demora, “várias pessoas ligaram em desespero para o 112, e a resposta foi sempre a mesma: não temos meios, não há ambulâncias!”, relata João Xavier, que diz preferir nem “tentar adivinhar se o desfecho poderia ter sido outro” caso os meios de socorro chegassem mais depressa.
Antigo jogador e treinador dos “Dragões” de Alferrarede, concelho de Abrantes, onde residia, Vítor Leitão tinha 56 anos e era árbitro nos campeonatos de futebol do Inatel há mais de 20 anos.