Durante os próximos 9 meses, cerca de 70 peças de arte – antiga e moderna – e várias frases extraídas de escritos com vários séculos de autores, maioritariamente islâmicos, vão tentar mostrar aos visitantes “Santarém Cidade em Crescente”, uma visão que parte de uma matriz identitária de base geográfica que compara a velha cidade e a lezíria a paisagens e culturas do mediterrâneo oriental.
Patente na Casa do Brasil a partir de 7 de maio, às 17h00 (data da inauguração), a exposição parte de uma ideia de uma cidade fértil e abundante, em que o rio Tejo é várias vezes comparado ao Nilo como elemento fulcral de toda a vida da comunidade, nomeadamente para a agricultura, com destaque para o vinho, o azeite e os cereais, realçando-se ainda a importância do touro e do cavalo.
Paralelamente, a exposição explora as vertentes simbólico-religiosas, particularmente as ligadas à fertilidade, e interpreta a importância local, o simbolismo e a religiosidade das águas, presentes no mito de Santa Iria.
Distribuída por 10 espaços distintos e contíguos da Casa do Brasil, a exposição mistura peças de arte pertencentes ao espólio do Museu Municipal de Santarém, do Museu Etnográfico da Ribeira de Santarém, do Museu Municipal Carlos Reis, de Torres Novas, do Museu Nacional de Arte Antiga e do Museu Geológico de Lisboa.
O visitante poderá ver a objetos museológicos como harpócrates, capitel árabe, pithoi fenícios, lucernas islâmicas, ânforas, talhas, arreios e selas medievais, conjugados com imagens iconográficas, sensoriais e fotográficas de arte contemporânea de Carlos Amado, Fernanda Narciso, João Maria, Jorge Sá, Diana Amado e José Freitas.
A coordenação desta exposição está a cargo de Carlos Amado e foi feita a partir da investigação sobre a história de Santarém, realizada por Luís Mata, também técnico da autarquia.
“Santarém Cidade em Crescente”, que tem vindo a ser preparada ao longo dos últimos 9 meses, sucede a “Modos, Medos e Mitos”, patente no mesmo local em 2015, e que recebeu a visita de cerca de 10 mil pessoas, valor que se pretende agora aumentar.
Exposição inclui várias conferências
Durante a exposição vai decorrer um Ciclo de Conferências “Crescer ao Shabbat”. A primeira Conferência tem lugar dia 13 de maio, às 16h00, “O oriente (tão) próximo”, por Luís Mata, no Auditório da Casa do Brasil.
A segunda conferência, a cargo de Ana Arruda, está agendada para dia 3 de junho, e abordará “A presença fenícia no Vale do Tejo”.
A 17 de junho, tem lugar a terceira conferência, sobre “Como foram andando o tempo e os mundos?”, por Nuno Peixinho.
No dia 8 de julho, Moisés Espírito Santo apresenta “O Touro: sagrado, simbólico e lúdico”.
Dia 23 de setembro, Aurélio Lopes apresenta “Senhora das águas, do tempo e dos trabalhos:As multivalentes simbologias lunares nas sociedades camponesas do Vale do Tejo”.
Dia 28 de outubro, Cláudio Torres apresenta “Islamização do Vale do Tejo”.
Dia 25 de novembro, a Associação de Agricultores do Ribatejo apresenta“O Ribatejo de um ponto de vista agrícola”.
No dia 16 de dezembro, Mário Tropa apresenta “A Arte como intervenção social”.
A par destas iniciativas, a Exposição conta com apontamentos musicais ao ar livre, visitas guiadas para o público em geral que se iniciam desde já, e duas oficinas pedagógicas para as crianças e jovens: “Ciência à vista” e “Viagens na minha terra”, que têm início em setembro.