"No distrito de Santarém, só passa fome quem quer", afirmou o diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Santarém, Tiago Leite, durante um encontro sobre a realidade das cantinas sociais do Ribatejo, que decorreu na Estação Zootécnica Nacional, esta sexta-feira, 24 de janeiro.
Tiago Leite socorreu-se desta expressão para garantir que, a nível do fornecimento de refeições no âmbito do Programa de Emergência Alimentar (PEA), o distrito possui uma rede social "muito bem estruturada" que garante resposta a todos os casos e não deixa ninguém sem acesso à alimentação.
O responsável elogiou o trabalho que tem sido desenvolvido por cada um dos Conselhos Locais de Ação Social (CLAS) no sentido de procurar implementar as cantinas sociais de acordo com as realidades específicas de cada concelho.
A rede foi estruturada "de acordo com as indicações dadas pelas instituições e parceiros locais, que são quem melhor conhece o terreno", frisou Tiago Leite, que lamentou também que a Segurança Social tenha sido acusada de instituir critérios diferentes em cada concelho.
"Isso foi propositado, porque foi dada liberdade para que cada CLAS criasse critérios específicos no sentido de assegurar a melhor resposta de acordo com as suas realidades", explicou o diretor, dando os parabéns aos parceiros locais pelo trabalho que têm vindo a desenvolver.
Ainda segundo Tiago Leite, o facto de Santarém ser o distrito do país que tem mais cantinas sociais em funcionamento não significa que tenha mais casos de famílias a passar fome e de pobreza.
As 113 cantinas sociais têm protocolo assinado para servir um total de 4.365 refeições por dia, mas essa é a capacidade máxima da rede social, que não está a ser atingida.
Nos últimos quatro meses, segundo Tiago Leite a "taxa de execução" rondou os 66%, o que dá uma média que ronda as 2.900 refeições diárias.
"Não tenham este estigma de que somos um distrito de coitadinhos, tivemos foi uma forma diferente de estar no terreno", frisou o diretor da Segurança Social, que disse preferir ter capacidade para servir mais refeições e não a utilizar, do que deixar um caso sem acesso a alimentação.
Este encontro serviu também para alguns participantes zurzirem na comunicação social pela forma como têm sido avançados alguns dados sobre as cantinas sociais no distrito, mas os críticos manifestaram-se basicamente ignorantes acerca do facto dos números serem fornecidos aos órgãos de informação pelo próprio Instituto da Segurança Social (ISS).
Em 2014, não haverá um aumento do número de refeições protocoladas com o Estado, mas sim uma redistribuição do seu fornecimento entre as cantinas sociais do distrito.
"Temos cantinas com 20 protocolos que servem apenas 10 refeições e outras que precisam de responder a mais pedidos de auxílio, por isso vamos redefinir aquilo que cada uma deverá fornecer, de acordo com a sua realidade", afirmou Tiago Leite, explicando que a Segurança Social já enviou a casa IPSS um inquérito sobre o funcionamento da rede e vai partir para reuniões individualizadas com cada CLAS "para perceber localmente onde é preciso mexer".