O condutor que abalroou um carro patrulha da GNR que sinalizava obras em curso na Autoestrada do Norte (A1), provocando a morte dos dois militares que estavam no interior, foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão efetiva.
O Tribunal de Santarém considerou o arguido, um reformado de 70 anos, culpado de dois crimes de homicídio por negligência grosseira, e optou por não suspender a execução da pena face à “ausência de arrependimento” e “patente irresponsabilidade” do idoso.
O caso remonta a 7 de julho de 2020, quando o homem circulava na A1 na zona de Pernes, concelho de Santarém, a uma velocidade calculada entre os 154 e os 180 Km/h, ao passar por uma zona onde decorriam trabalhos de limpeza e manutenção devidamente sinalizados e com avisos para moderar a velocidade para os 80Km/h.
Na berma, circulava em velocidade muito lenta uma viatura da GNR, onde o arguido, que nem sequer ouviu o aviso da esposa para travar, embateu com grande violência, arrastando o carro ao longo de 53 metros.
No interior estavam os guardas Carlos Pereira, de 27 anos, que faleceu no dia seguinte, e Vânia Martins, de 31 anos, que veio a morrer seis dias após o acidente, que o Tribunal de Santarém considerou ter-se ficado a dever “exclusivamente à total desatenção” do idoso, que nem sequer travou ou respeitou a sinalização antes do Km 85 da A1.
Na sentença, a que a Rede Regional teve acesso, a juíza considera que o homem não revelou “sensibilidade, empatia ou arrependimento” pelo sucedido, tendo tentado justificar em tribunal que o acidente se deveu a uma “quebra de consciência momentânea” quando conduzia na autoestrada.
O condutor seguia de Cinfães do Douro, de onde é natural, para a Amadora, onde reside, juntamente com a esposa e uma cunhada, tendo todos escapado ilesos ao acidente.