Os cerca de 300 moradores exigem respeito pela memória dos seus entes queridos num cemitério sujo e com muros a cair, onde salta à vista o desleixo e a falta de zelo acumulado nos últimos anos.
O descontentamento popular agravou-se há cerca de uma semana, quando, durante um funeral mais participado, descobriram que a antiga capela do cemitério está a ser usada como depósito de campas desenterradas, onde existem até ossadas humanas.
“Ficámos incrédulos! Nunca pensámos que isto pudesse acontecer”, disse à Rede Regional Luís Vieira, um dos moradores, mostrando um monte de terra com madeiras de caixões em decomposição, artefactos fúnebres, roupas e ossos de defuntos largados no chão da capela de Santa Catarina.
Primeira denuncia foi feita há mais de dois anos
“Eu vi primeira vez este tipo de lixos na capela vai fazer três anos no próximo mês de abril. Na altura, transmiti o assunto à Junta de Freguesia e pensei que tinha ficado resolvido. Agora vejo que não ficou”, explicou à Rede Regional Vítor Carvalho, também morador em Albergaria.
“Mandámos um e-mail à Câmara de Santarém e à Junta de Freguesia de Almoster a pedir a legislação que rege os cemitérios para saber até onde podemos levar a nossa indignação”, explica Sara Teixeira, garantindo que a população, desta vez, “não vai ficar parada”.
“Fizemos também um abaixo assinado contra o estado de degradação e abandono do cemitério, e recolhemos mais de 70 assinaturas em apenas três dias”, acrescentou ainda Vítor Carvalho.
Os residentes apontam o dedo à Junta de Freguesia, que não realiza trabalhos de beneficiação no cemitério “há mais de seis anos”, segundo Luís Vieira, e exigem ainda a recuperação da capela de Santa Catarina, um monumento classificado construído no século XVI, onde já chove no interior e o telhado ameaça ruir a qualquer momento.
Junta de Freguesia promete resolver assunto
Contatado pela Rede Regional, o presidente da Junta de Freguesia de Almoster garante que “desconhecia em absoluto” a existência de restos de cadáveres, ou sequer que o interior da capela esteja a ser usada para depósito de terras, pois a manutenção do cemitério está entregue há vários anos a uma empresa externa.
“Há tempos, tive conhecimento que existia por lá algum vestuário e restos de caixões para incinerar, até porque se tratam de materiais que não podem sair do cemitério, mas não acredito que existam por lá ossadas”, afirmou João Neves.
“A ser verdade, o assunto será resolvido nos próximos dias”, acrescentou o autarca.