Os operadores das salas de emergência da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) poderão sofrer uma redução salarial na ordem dos 300 a 400 euros por mês, com a integração nos quadros da função pública.
Isto porque o regime de transição proposto pelo governo não lhes reconhece a atividade profissional específica que exercem, e equipara-os a um simples assistente técnico em início de carreira.
“Trabalhadores que ganham entre os 800 e os 1.050 euros serão colocados na base da carreira, com 683 euros de ordenado, como estipula o regime de regularização dos precários”, explicou à Rede Regional Sérgio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), que reuniu com os elementos dos Centros Distritais de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém e Leiria no quartel dos Bombeiros Voluntários de Santarém para conhecer, em detalhe, os casos específicos de cada trabalhador que poderá ser afetado.
Segundo números avançados por Sérgio Carvalho, esta situação afeta cerca de 300 profissionais nos 18 comandos de operações distritais e também no Comando Nacional de Operações de Socorro.
Há casos de elementos que trabalham sem vínculo à função pública “há mais de 20 anos”, disse o responsável, acrescentando que as salas de emergência “não podem ser transformadas num call center qualquer”.
Por uma “questão de inteira justiça”, Sérgio Carvalho disse que, para já, “as portas estão abertas à negociação”, esperando o sindicato que o governo crie uma carreira profissional específica que reconheça a função dos operadores, e que tenha um “valor base de ingresso superior”.
A situação ideal seria o enquadramento na nova carreira da Força Especial de Bombeiros (FEB), segundo Sérgio Carvalho, porque dava aos profissionais com mais anos de experiência a possibilidade de passar para as centrais de comunicação quando deixassem a atuação nos teatros de operações.
Para o SNBP, estes operadores são uma peça fundamental no sistema nacional de proteção civil, pelo que a sua função deve ser reconhecida e valorizada.
“Quando se está a rever toda a estrutura da Proteção Civil, dos bombeiros e do socorro, não se pode fragilizar um sector chave onde estão estes operadores”, afirmou Sérgio Carvalho, explicando que “só em Lisboa, passaram por eles 250 mil chamadas para despacho de meios, entre outros serviços”.