O homem que assaltou o Millennium BCP de Samora Correia em Dezembro de 2011 cometeu o crime sempre a falar em espanhol para os funcionários e clientes que fez reféns durante 21 minutos no interior do banco, sob ameaça de uma caçadeira com um silenciador artesanal.
A informação consta do despacho de acusação, a que a Rede Regional teve acesso, documento onde o Ministério Público (MP) mostra que não tem dúvidas que o arguido, um operador de grua desempregado, planeou detalhadamente o crime durante vários meses.
Nelson Moreira, de 38 anos, começa a ser julgado na quinta-feira, 13 de Setembro, e vai responder no Tribunal de Benavente pelos crimes de roubo qualificado, detenção de arma proibida, furto, falsificação de documento e dano.
Segundo a acusação, o assalto terá começado a ser planeado entre Agosto e Setembro do ano passado, altura em o arguido comprou uma caçadeira semi-automática de calibre 12, com o número de série oculto.
Na sua casa, em Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos, fabricou um silenciador artesanal a partir de um tubo de escape de uma moto, e comprovou que o mesmo reduzia o ruído dos disparos.
Na madrugada do crime, a 16 de Dezembro de 2011, dirigiu-se a uma urbanização em Benavente e furtou as chapas de matrícula que depois colocou no seu carro.
De manhã, pegou na arma do crime e dissimulou-a no meio de três canas de pesca telescópicas num saco preto comprido, com que entrou na dependência bancária, às 11h19.
Disfarçado com uma almofada à volta da barriga, um fato de macaco cinzento, gorro na cabeça e óculos de sol, Nelson Moreira esteve calmamente sentado dentro do banco durante seis minutos, fingindo ser um simples cliente. De seguida, puxou da arma de fogo, fez um disparo para o tecto e deu início ao assalto, que demorou 21 minutos, no total.
O arguido ainda saiu para a rua com cerca de 15 mil euros e 5 mil dólares numa mochila, mas foi detido quase de imediato, a 50 metros do banco, por uma patrulha da GNR que ia a passar no local e foi alertada por um dos clientes.
Assalto foi "acto irreflectido"
Após a detenção, o homem confessou integralmente os factos à Polícia Judiciária e mostrou-se de imediato arrependido daquilo a que defesa de Nelson Moreira considera ter sido um acto irreflectido.
O arguido, que não tem cadastro, estava desempregado e vivia em união de facto com a sua companheira e dois menores, uma filha dele e um filho da mulher. Nelson Moreira, que sofreu um acidente de trabalho que o deixou posteriormente sem emprego, dava sinais há vários meses de problemas psiquiátricos e estava inclusivamente a ser medicado contra uma depressão profunda.
Na aldeia de Foros de Salvaterra, onde sempre residiu, tanto o arguido como a sua família são bastante considerados.