“Na vida real há um pai que fica sem uma filha”, desabafou Tony Carreira após a leitura do acórdão do processo que julgou o acidente de viação que vitimou a sua filha, Sara Carreira, que decorreu na manhã desta sexta-feira, 12 de janeiro, no Tribunal de Santarém.
Visivelmente agastado e descontente a decisão do coletivo de juízes, o cantor lamentou que o julgamento tenha decorrido sujeitos a “táticas de advogado, a tática do esquecimento em que cada um só se lembrou daquilo que lhe dá mais jeito”.
À saída do tribunal, Tony Carreira disse não entender como se iliba alguém que ia bêbedo (taxa de 1,18 g/l, medida quatro horas após o acidente), a circular a 28 km/h na A1 e que “é o maior culpado de todo este crime”, numa alusão a Paulo Neves, que foi condenado a 3 anos e 4 meses com pena suspensa por um crime de homicídio negligente na forma grosseira.
Ivo Lucas, o então namorado da jovem que conduzia o carro aquando do acidente, e a Cristina Branco também foram condenados pelo mesmo crime, homicídio negligente na forma grosseira, a 2 anos e 4 meses, e 1 um ano e 4 meses, respetivamente, ambos com pena suspensa.
Já Tiago Pacheco, outro dos condutores envolvidos no acidente, também arguido no processo, foi condenado numa pena de multa de 153 dias a uma taxa de 7 euros, o que perfaz 1.071 euros.
Na leitura do acórdão, a juiz presidente do coletivo considerou que, apesar de ter sido dado como provado que não houve intenção de matar, todos os arguidos contribuíram à sua maneira para a morte de Sara Carreira, pois conduziam de forma negligente e desatenta.
“O que aconteceu a Cristina Branco e Ivo Lucas pode acontecer a qualquer um que ande na estrada, mas o caso de Paulo Neves é diferente, pois em segundos mudou a vida de todos os envolvidos”, afirmou a magistrada, classificando a sua conduta de “muito grave”.
Paulo Neves foi o único dos arguidos que não compareceu à leitura do acórdão, onde Tony Carreira afirmou ainda que o sentimento de justiça “é sempre relativo”, e que “vai virar esta página” da sua vida.