Os moradores do lote 6 na Rua do Progresso, Cartaxo, vivem desesperados há vários anos com uma rotura num cano de esgoto que se agravou nos últimos meses, e que já está a colocar em causa a segurança estrutural do próprio edifício.
A infiltração é de tal forma grave que Rosa Antunes, de 75 anos, a filha e os dois netos menores precisam de chapéu de chuva para usar qualquer uma das duas casas de banho do apartamento, tal é o gotejar contínuo de água do teto.
O 2º esquerdo da idosa, diretamente por baixo da rotura, está praticamente inabitável: os tetos estão pintados de um verde enegrecido da humidade e do bolor, a água escorre pelas paredes inundando o chão de todas as divisões, e o ar é simplesmente irrespirável.
Os dias de Rosa Antunes são passados a trocar, lavar e secar as muitas toalhas e panos velhos com que ensopa continuamente a água do pavimento, já completamente estragado.
Entretanto, os inquilinos do 1º andar foram obrigados a sair temporariamente de casa, onde as águas já escorrem continuamente pelas paredes.
Este proprietário viu-se mesmo obrigado a montar um sistema artesanal com funis e tubos de PVC para recolher as gotas que caem continuamente, o que o obriga a deslocar-se ao local duas vezes por dia, para despejar os baldes e bacias que deixa espalhados pelo imóvel.
A infiltração também já provocou estragos graves no rés-do-chão, onde há poucos dias o rebentamento de uma lâmpada devido à humidade se podia ter transformado facilmente num curto-circuito com consequências bem mais graves.
Ou seja, o problema atingiu "uma dimensão para lá dos limites do razoável", queixam-se os moradores.
Só durante o ano de 2012, passaram por este prédio três vistorias da Câmara Municipal do Cartaxo, que identificaram o problema "numa rotura ou na deficiente montagem da tubagem da rede de água e esgotos" na placa de betão que separa o 2º do 3º andar.
Os danos na estrutura do edifício já são visíveis do lado de fora do prédio, junto às janelas das casas de banho, onde a água já escorre por uma das paredes laterais.
No relatório, a que a Rede Regional teve acesso, a delegada de saúde escreve que há perigo real para a saúde pública, devido à "acumulação continuada de água e inúmeros bolores e fungos" nas paredes.
O caso é conhecido de todas as autoridades – autarquia, proteção civil, bombeiros, PSP – a quem os moradores exigem uma intervenção urgente para resolver o problema antes que o teto lhes caia em cima.
Os inquilinos afetados dizem-se "reféns à força" de um litígio entre o banco proprietário do 3º esquerdo e a família que lá habita, e que não permite a realização de obras enquanto não resolver os problemas legais com a instituição bancária.