A Estrada Nacional 3 (EN3) que atravessa o miolo urbano do Vale de Santarém, entre Santarém e o Cartaxo, é local de passagem diária de cerca de três mil pesados de mercadorias, segundo as contas feitas por vários populares.
“São sempre entre 1.000 a 1.500 em cada sentido, e há dias em que até são mais”, disse à Rede Regional Rui Narciso, um morador que está a lançar um abaixo-assinado para acabar com este “martírio que dura há anos”.
O problema tem-se agravado não só porque há mais camiões em circulação, mas também porque as empresas de transporte têm vindo a evitar as autoestradas, para poupar custos.
Dentro do Vale de Santarém, há vários locais da EN3 que são estreitos para o cruzamento simultâneo entre um pesado e um simples ligeiro.
Como resultado, o trânsito acumula-se dentro da localidade, sobretudo ao início da manhã e final da tarde, e os acidentes são frequentes.
“Quem não conhecer a estrada, pode facilmente embater num carro que venha em sentido contrário, se não vier com cuidado”, acrescenta Rui Narciso, para quem é urgente encontrar uma alternativa que retire os pesados desta parte da EN3.
Os moradores relatam mesmo casos de ambulâncias de socorro que ficaram impedidas de passar devido a colisões que cortaram a faixa de rodagem, e tiveram que esperar ou procurar um desvio.
Isenção de portagens na autoestrada seria solução
Rui Narciso tem até uma proposta para resolver o problema: isentar os pesados do pagamento entre os nós da Autoestrada do Norte (A1) de Santarém e Cartaxo, a exemplo do que já acontece em Vila Franca de Xira.
O grosso do tráfego pesado seria desviado para a autoestrada na variante à cidade do Cartaxo e seguiria pela A1 para Santarém.
A solução, que parece simples, carece de “conjugar as vontades das Câmaras, da Infraestruturas de Portugal e da Brisa, que até ficaria a ganhar dinheiro porque o tráfego aumentaria na autoestrada”, explica o morador.
Recorde-se que as Câmaras de Santarém e do Cartaxo tentaram lançar a construção de uma variante, mas o projeto, já com alguns anos, nunca saiu da fase de estudos.
O Vale de Santarém tem uma outra via – a Estrada Real – que é larga o suficiente para a circulação de camiões, mas falta-lhe uma ligação à EN3 (do lado de Santarém) por onde os pesados possam retomar novamente o seu curso.