“100 anos, grande jornada, sempre em alegre caminhada, nem por isso estás cansada, és mulher abençoada” foi a forma encontrada por uma das netas de Maria de Jesus para homenagear a idosa no seu centésimo aniversário.
Maria de Jesus nasceu a 4 de Outubro de 1912, em Mouriscas, concelho de Abrantes, e foi nesta aldeia que sempre viveu.
Andou na costura, embora hoje diga que se cansou e foi para o campo, onde "tinha mais liberdade”, mas depois casou e continuou a sua vida entre a casa e o campo.
As ceifas, apanha do figo ou da azeitona, enquanto na horta cultivava os géneros para a cozinha.
Hoje, continua completamente lúcida, embora tenha algumas dificuldades de locomoção.
O andarilho ajuda-a nas caminhadas porque recusa sentar-se numa cadeira de rodas: “gosto de andar”, diz, embora note logo de seguida que “já me custa muito”.
Maria de Jesus vive próxima da filha que lhe faz a lide de casa.
Diz que não aprecia a televisão, não se sente interessada: “não ligo ás novelas, vejo as notícias mas não percebo nada”, atira comentando logo de seguida que “ouço-os a falar lá na televisão e isto está muito mau", em alusão à situação do país.
Fez anos a 4 de Outubro, mas foi no dia seguinte, feriado, que as duas filhas, quatro netas e seis bisnetos, juntamente com os sobrinhos se juntaram para lhe fazer a festa.
“Estou muito contente de ter aqui todos os sobrinhos, a família e os bisnetos”, um deles já com mais de 20 anos e o mais novo com 10 anos, diz a neta.
No almoço, juntaram-se familiares e uma grande amizade à avó Maria, ou tia Maria.
Entre as lembranças, os poemas e as dedicatórias a quem chegou aos três dígitos na vida, foi a própria centenária que cortou as fatias do bolo para os convivas.
Sobre a festa Maria de Jesus diz, entre risos, que "100 anos não são 100 meses”.
Maior surpresa do aniversário estava para vir
No meio da festa, a própria irmã de 89 anos pediu a palavra para, de forma divertida, anunciar que daqui a uns anos será ela a completar os 100 anos, palavras que arrancaram gargalhadas em todos os familiares e que atestam a boa disposição que reinou na festa.
Mas a grande surpresa esteve sempre guardada para o final. Na sua vida na aldeia de Mouriscas, Maria de Jesus teve uma burra que a auxiliava nos trabalhos do campo.
A família levou-lhe ao Parque Urbano de S. Lourenço, onde decorreu o almoço, um pónei com uma charrete, para relembrar outros tempos.
Com dificuldade de locomoção, ajudada pelos netos, Maria de Jesus, sorridente com a surpresa, lá subiu para a charrete para umas voltinhas no relvado do Parque de S. Lourenço, as primeiras sozinha e depois com os bisnetos mais novos.