A Polícia Judiciária apanhou em flagrante delito três homens responsáveis pelo rapto de um trabalhador de uma empresa de Lisboa para exigir ao patrão o pagamento de uma dívida em atraso, coberta por juros agiotas.
Fonte da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT), departamento que deteve os três suspeitos na quarta-feira, dia 9, na A1 (autoestrada do Norte), junto das bombas de gasolina de Santarém, adiantou à agência Lusa que o proprietário da empresa pediu dinheiro a terceiros, que lhe exigiam juros elevadíssimos, e ainda não tinha pago as quantias acordadas.
Não conseguindo receber a “avultada soma” de dinheiro da parte do empresário, que fugiu de Lisboa, os agiotas decidiram raptar um empregado de confiança da empresa para exigirem um resgate, ou ao proprietário ou à família deste ou a amigos e familiares do trabalhador.
Segundo a mesma fonte, os raptores, com idades de 34, 46 e 47 anos, não tendo conseguido o dinheiro em Lisboa, decidiram levar a vítima até à zona centro do país para exigirem a familiares do empresário o pagamento da dívida.
Contudo, a deslocação foi em vão uma vez que os familiares não se encontravam em casa, tendo os raptores, que mantiveram a vítima sequestrada durante cerca de nove horas, regressado a Lisboa e sido detidos próximo de Santarém pelos investigadores da UNCT, que tinham sido alertados do rapto pela mulher da vítima.
Em declarações à agência Lusa, o advogado dos três arguidos, Fernando Arrobas da Silva, disse que os seus constituintes alegam que o dono de uma oficina lhes “deve dezenas de milhares de euros a cada um”.
Na versão do advogado, os detidos, de etnia cigana, tendo conhecimento de que o devedor estaria desaparecido, foram ter terça-feira com um seu funcionário, “convencendo-o a ir com eles mostrar-lhes onde fica a casa do pai do devedor, algures em Vila do Rei ou Sertã”.
Segundo o causídico, os suspeitos alegam que o funcionário “não foi raptado” e que os “acompanhou de livre vontade”, tendo sido o próprio a abastecer a viatura numa área de serviço e a “pedir informações a um GNR sobre a suposta localização da casa do pai do homem que procuravam”.
Arrobas da Silva disse ainda que o proprietário da oficina teria “um esquema tipo D. Branca e deve dinheiro a várias pessoas”, tendo o arguido mais novo falado de uma dívida de 28.000 euros.
Os três detidos foram ouvidos por um juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém, que lhes aplicou a medida de prisão preventiva.