São para já um mistério as razões que levaram um idoso de 86 anos a disparar mortalmente sobre a própria esposa, de 82, e a tentar de seguida o suicídio na casa onde residiam, no centro de Alcanena, na manhã desta segunda-feira, 13 de janeiro.
Os familiares e os amigos mais próximos do homicida, António Filipe Henriques, não conseguem imaginar sequer o que o terá levado a pegar na caçadeira e a disparar um tiro sobre a mulher, Isilda Coelho Lopes, no quarto deste casal de idosos de classe média alta, bastante conhecido na vila.
De seguida, o homem terá disparado sobre si próprio para pôr fim à vida, mas o tiro atingiu-o com gravidade na face e na cabeça.
Ferido e bastante ensanguentado, foi o próprio António Henriques quem veio à rua gritar por socorro, pouco depois das 10h30.
Duas mulheres que iam a passar junto à residência, na Rua Luís de Camões, viram-no e foram de imediato chamar os bombeiros municipais de Alcanena, cujo quartel se situa a cerca de 50 metros do local do crime.
António Henriques foi assistido e estabilizado no exterior da casa e transportado para o hospital de Torres Novas, tendo seguido depois para o São José, em Lisboa, onde permanece internado.
No interior, Isilda Lopes já não apresentava sinais vitais à chegada dos bombeiros e da GNR, tendo o óbito sido declarado no local.
As cerimónias fúnebres da mulher estão marcadas para quarta-feira, 15 de janeiro, pelas 14h30, na Igreja de Santa Maria, em Alcanena.
O episódio deixou incrédulos as dezenas de familiares e amigos que se concentram à porta do casal.
"Não há explicação para o que o levou a fazer uma coisa destas, porque eles sempre foram muitos unidos e davam-se muito bem", garantiu à Rede Regional Maria Filipe, uma amiga próxima do casal, acrescentando que nenhum deles padecia de doenças graves ou do foro psiquiátrico.
"O que se terá passado, não sabemos. Só sei que ele não deixa de ser um grande homem, um homem bom, que me ajudou bastante", afirmou António Matias, compadre do casal.
António Henriques e Isilda Lopes formavam um casal moderadamente abastado, sem problemas financeiros, ao que a Rede Regional conseguiu apurar.
O homem é reformado da indústria dos curtumes, onde trabalhou como químico.
A investigação do caso está a cargo da Polícia Judiciária de Leiria, que esteve no local a recolher provas e a interrogar os familiares.