Antes de se reformar trabalhava na área de porcelana e louça, nomeadamente na fábrica da marca Vista Alegre, onde a sua função passava por fazer a decoração das montras. No entanto, a sua verdadeira paixão sempre foi a costura. Paixão da qual nunca fez carreira porque preferiu dedicar o tempo à sua filha que na altura era uma criança.
Ainda assim, esse ofício nunca ficou adormecido e, no seu tempo livre, Emília Silva dedicava-se a fazer peças de vestuário. Foi assim que, partilhando o gosto pela costura, uma das suas amigas juntou-se a ela, e dai nasceu um pequeno projeto entre ambas, que consistia em fazerem várias peças de vestuário para entregarem nas igrejas para que estas chegassem às crianças mais carenciadas de Lisboa.
Nestes últimos meses, onde os contactos com as famílias são mais escassos ou espaçados no tempo, é na companhia de tecidos, tesouras, agulhas e linhas que Emília Silva passa a maior parte do seu tempo, ora a fazer pequenos trabalhos para as funcionárias, ora para os seus familiares.
Um dia, após ouvir as notícias, surgiu-lhe a ideia de voltar a pegar no projeto. Pediu opinião à filha, que concordou com agrado, e após ter apresentado a proposta aos elementos da equipa técnica do lar, pôs mãos à obra.
Pegou nos tecidos que ainda tinha em casa e nos vários moldes, e as peças de roupa começaram então a surgir umas atrás das outras. Estas 25 peças foram endereçadas para os alunos de uma turma de uma escola em Moçambique, país com o qual o gerente do lar tem uma estreita ligação, tendo sido estas peças entregues em mão pelo próprio.