“Tem sido um verdadeiro inferno”, disse à Rede Regional Ana Azevedo, uma moradora que garante que “ninguém consegue viver assim porque cheira sempre mal, muito mal”.
Pelas redes sociais, circulam centenas de posts e respetivos comentários a dar conta do aumento dos odores “nauseabundos” e “insuportáveis” que afetam não só Alcanena, mas também as aldeias nas freguesias mais próximas, casos da Louriceira e Bugalhos.
Outro morador, Ricardo Rodrigues, explica que a população queixa-se, sobretudo, “de já não conseguir sequer sair à rua, ser obrigada a estar em casa com as janelas fechadas, e até de não poder conduzir com os vidros do carro abertos”.
Pela atmosfera, tem circulado uma estranha fuligem negra que depois se acumula nos estores fechados, nas paredes das casas e prédios, e até nas viaturas, e que preocupa bastante quem “é obrigado a respirar este ar, porque não sabemos as consequências futuras”, salienta Ricardo Rodrigues.
Entre a população, há quem aponte o dedo ao regresso das descargas ilegais por parte de empresas do sector dos curtumes, mas a verdade é que o foco poluidor está por apurar, em concreto.
Aumentaram caudais com “elevada carga poluente”
A Câmara de Alcanena reagiu há dois dias através de um comunicado de imprensa da Aquanena, a nova empresa municipal que assumiu recentemente o sistema de tratamento de efluentes que anteriormente era gerido pela AUSTRA, entidade formada pelos utilizadores do sistema.
No documento, onde traça todo o historial da passagem nem sempre pacífica da AUSTRA para a Aquanena, a empresa reconhece que a carga poluente que chega à ETAR de Alcanena aumentou bastante desde o mês de agosto, e salienta ainda que detetou um “desrespeito pelos horários de descarga” na ETAR.
Até ao momento, são estes os focos de poluição detetados pela Aquanena, que, no entanto, não especifica quais as empresas responsáveis nem as irregularidades que cometem, em pormenor.
A empresa municipal promete um reforço da fiscalização no período noturno, e sublinha que vai fiscalizar as unidades industriais que tinham por implementar, em 2018, melhoramentos nos sistemas de controlo ambiental, e que não terão cumprido.
Enquanto a população desespera, a Aquanena adianta ainda que já contatou empresas especializadas na neutralização de odores.
