Uma simples discussão por causa de um desentendimento no trânsito em Almeirim terá estado na origem da morte violenta de dois imigrantes da Ucrânia, cujos cadáveres foram encontrados em decomposição num pinhal mal frequentado em Porto de Mós, distrito de Leiria.
Os dois suspeitos do crime começaram a ser julgados na quarta-feira, 12 de Abril, no Tribunal de Almeirim, acusados pelo Ministério Público de dois crimes de homicídio qualificado e outros dois de ocultação de cadáver.
Na primeira sessão do julgamento, F. Patrício, de 25 anos, e Z. Costa, de 39, optaram por remeter-se ao silêncio e foram ouvidos apenas dois inspectores da Polícia Judiciária (PJ) envolvidos na captura dos arguidos, que ocorreu cinco anos depois do crime.
Os factos remontam a 15 de Setembro de 2006, quando as duas vítimas, que residiam em Leiria e trabalhavam numa firma de transportes, se deslocaram às Fazendas de Almeirim para recolher uma família que ia para a Ucrânia.
Segundo a acusação do MP, a que a Rede Regional teve acesso, os dois homens acabaram por envolver-se numa desavença por causa do trânsito com os arguidos, tendo-os seguido até à casa onde residiam, na rua de S. Roque, em Almeirim.
Foi aí que, enquanto o arguido mais velho os ameaçava com uma arma de fogo, o outro desferiu-lhes murros, pontapés e pauladas com uma tábua de madeira, provocando-lhes lesões na cabeça e em órgãos vitais. Inconscientes mas ainda vivos, os ucranianos foram colocados no espaço de carga da sua carrinha e conduzidos por estradas secundárias até ao pinhal da Lagoa Seca, na freguesia do Juncal, arredores de Porto de Mós.
Ainda segundo a acusação, antes de trancar as portas e abandonar o local, os arguidos terão desferido várias pancadas com um ferro na cabeça e no corpo das vítimas, que foram encontradas alguns dias depois do crime. Tendo em conta o cenário de grande violência do duplo homicídio, a PJ acreditou na altura tratar-se de um ajuste de contas entre máfias do leste, até porque as vítimas tinham um grande porte atlético.
Oleksandr Palamaryuk tinha 35 anos, residia em Leiria, era o dono da empresa de transportes e estava em Portugal há seis anos com uma antiga jogadora da selecção de andebol da ex-União Soviética. Oleh Lichman tinha 34 anos, era o motorista e estava a viver com o casal há cerca de um ano.
Os dois arguidos acabaram por ser detidos a 14 de Julho de 2011 pela PJ, que nunca deixou de investigar o caso. Depois de uma tarde inteira a ser interrogado no Tribunal de Santarém, um dos suspeitos acabou por confessar o crime e os motivos fúteis que estiveram na sua origem. Ficaram em prisão preventiva, mantendo-se até à data no Estabelecimento Prisional de Leiria.
