As famílias das vítimas do acidente do avião das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) não foram ainda informadas da data concreta para a identificação dos corpos, sabendo apenas que será feita durante esta semana.
"Inicialmente, o reconhecimento seria realizado em Luanda, mas entretanto fomos informados que será em Windhoek, na Namíbia, durante a próxima semana", disse à Rede Regional Paula Soveral, irmã de Sérgio Soveral, o empresário de Rio Maior que seguia a bordo do Embraer 190 que apanhou um forte temporal ao fazer a ligação entre Maputo, em Moçambique, e Luanda, a capital angolana, e se despenhou na passada sexta-feira no Parque Nacional de Bwabwata, no norte na Namíbia.
A identificação de Sérgio Soveral vai ser feita por um representante legal da família, com procuração para tratar de todo o processo burocrático, que se prevê ser ainda bastante demorado.
"Quanto mais dias demorar, pior vai ser para nós, que ainda mal conseguimos acreditar que isto está a acontecer", acrescentou um tio materno da vítima mortal, acrescentando que não há, para já, qualquer indicação em relação à data a que poderão ser realizadas as cerimónias fúnebres.
Rio Maior chora "um lutador incansável"
Paula Soveral regressou no domingo, 1 de dezembro, de Luanda, onde esperava o irmão aquando do acidente, para estar mais perto da família neste momento de luto.
"São momentos extremamente difíceis, sobretudo porque o meu irmão era um lutador incansável e toda a gente que o conhecia o admirava por isso", afirmou a irmã, acrescentando que "têm chovido telefonemas de todas as partes do mundo, de amigos que ele tinha por todo o lado, e que nos quiseram expressar os seus sentimentos".
"Foi uma vida de trabalho e de labuta que se perdeu de uma forma que ninguém imaginava ser possível", adiantou o tio, contando que Sérgio tinha regressado há pouco tempo do México, onde tinha estado a estudar possíveis oportunidades de investimento.
Sérgio Soveral, que tinha 38 anos, pegou no negócio da família após a morte do pai, José Luís Soveral, que perdeu a vida num acidente de trabalho ocorrido a 28 de Agosto de 2006, na fábrica da Joluso, em Rio Maior.
Durante estes sete anos, fez crescer o grupo que se dedica à produção de veículos pesados e transporte de mercadorias, e atualmente geria a fábrica da Joluso / Invepe na zona industrial de Rio Maior e tinha ainda duas unidades operacionais em Angola e no Huambo, Moçambique.
"Era muito, muito bom rapaz, sempre disposto a ajudar os outros e incapaz de negar nada a ninguém", afirmou à Rede Regional Olinda Lino, uma amiga da família que viu Sérgio Soveral crescer e assumir os destinos das empresas.
"Parece que a morte trágica do pai, que também era um homem extraordinário, lhe deu forças para levar a vida para a frente, mas ele foi sempre a mesma pessoa atenciosa e simpática. Os próprios empregados gostavam muito dele, pois nunca deixou de lhes faltar com nada", acrescentou Olinda Lino, para quem toda a família, marcada por sucessivas mortes dolorosas, "bem merece outro destino e outra sorte".