Perante o coletivo de juízes do Tribunal de Santarém, a arguida, de 30 anos, jurou não ter qualquer recordação do acidente ocorrido na madrugada de 20 de maio de 2018, lembrando-se apenas de ter acordado na presença da GNR junto às portagens da A1 de Torres Novas, onde se despistou após ter embatido no separador central.
Sobre o que ocorreu antes do acidente com os peregrinos, a mulher disse ainda recordar-se de ter estado com amigos numa festa em Vila Moreira, Alcanena, onde admitiu ter bebido algumas cervejas e fumado haxixe, que consumia com regularidade, na altura.
A arguida admitiu ainda que o álcool e o estupefaciente, misturado com os medicamentos que tomava para combater uma depressão, possam ter provocado uma profunda alteração do seu estado de consciência, a ponto de não ter qualquer memória dos dois acidentes consecutivos que provocou.
Nesta primeira sessão do julgamento, e em lágrimas, a arguida afirmou-se “extremamente arrependida” e “consciente” das consequências da tragédia que provocou.
Acidente trágico para peregrinos de Salvaterra de Magos
Recorde-se que a mulher está a ser julgada pelo atropelamento de um grupo de peregrinos que caminhava pela berma da Estrada Nacional 365-4, em Moitas Venda, em direção a Fátima, tendo-se posto em fuga.
Segundo a Acusação do Ministério Público (MP), a arguida chegou a parar o carro para puxar pelos pés o corpo de uma das vítimas, que tinha ficado imobilizada à frente do veículo, e que a impedia de seguir a sua marcha.
Seguidamente, fugiu do local em direção à saída da Zibeira na A23, onde entrou e conduziu em contramão até às portagens da A1 em Torres Novas, local onde foi detida após embater no separador central.
Do atropelamento, resultou a morte de Álvaro Mayer, professor na Escola Secundária de Coruche que tinha então 59 anos e residia em Muge, concelho de Salvaterra de Magos, de onde o grupo tinha partido.
A companheira de viagem que ficou na frente do carro conduzido pela arguida foi evacuada de emergência para o Hospital de Coimbra, acabou por ficar tetraplégica em consequência das lesões provocadas pelo embate.
Os restantes três peregrinos que seguiam no grupo varrido pela condutora na Estrada Nacional 365-4, em Moitas Venda, sofreram ferimentos menos graves, mas ainda hoje mantêm sequelas psicológicas do acidente.
A arguida começou a ser julgada por sete crimes: um de homicídio por negligência grosseira, quatro de ofensa à integridade física por negligência (um deles grave), um de condução perigosa de veículo, e outro de omissão de auxílio.































