Em comunicado, a CDU torrejana acusa a empresa de usurpar os recursos naturais públicos, ao mesmo tempo que acusa a Câmara de Torres Novas de “passividade” em defender os interesses da população.
“É com imensa preocupação que a CDU toma conhecimento do desenrolar destes acontecimentos. Reiteramos que a Câmara Municipal de Torres Novas tem em seu poder todas as ferramentas para resolver a questão. Não teríamos chegado a este ponto, se o executivo municipal tivesse cumprido os seus deveres de proteção dos cidadãos e do património do concelho que gere. A CDU várias vezes apelou para que os olhos fossem postos no povo e no rio, fugindo aos acenos do capital da empresa, porém, pelo visto, o papel da Renova também serve para vendar olhos e tapar ouvidos de autarcas”, refere o comunicado da CDU.
A coligação diz que “este processo ainda vem levantar mais questões acerca das ações de índole duvidosa da empresa Renova, nomeadamente a colocação de câmaras de vigilância direcionadas para a via pública, que serviram de meio para identificação das viaturas e seus donos, que, segundo essa sustentação, terão estado junto da nascente no dia 18 de maio de 2023”.
“Há que pôr fim a este processo de usurpação por parte da Renova! Há que defender a nascente do rio Almonda!”, termina o comunicado.
RENOVA ALEGA INVASÃO DE PROPRIEDADE
Este comunicado foi emitido após a Renova – Fábrica de Papel do Almonda, com sede em Torres Novas, ter apresentado queixa judicial contra 12 pessoas que participaram no “Dia da Espiga”, tradição da quinta-feira da Ascensão, junto à nascente do Rio Almonda, onde a empresa capta a água para a sua laboração.
Com base na gravação de imagens das matrículas de veículos, captadas com os mesmos em estrada pública, a Renova apresentou queixa judicial contra 12 proprietários dos referidos veículos, acusando-os de invasão de propriedade privada, que considera sua.
O processo judicial está em fase de inquérito e os 12 acusados foram já notificados a prestar os primeiros esclarecimentos à GNR.
A Agência Portuguesa do Ambiente já esclareceu que as águas do rio Almonda são públicas e que a empresa tem apenas uma concessão para a sua utilização e não a sua propriedade, referindo ainda que a vedação existente no local da represa, instalada pela Renova, exigia a competente licença.
A Agência Portuguesa do Ambiente afirmou já igualmente que a Renova “não poderá impedir o acesso à nascente do rio Almonda”, em Torres Novas, frisando que “qualquer intervenção/ação” junto à linha de água carece de autorização prévia.