O caso ocorreu quando Francisco Colaço e Kiara Leite, que é cerca de 25 anos mais nova e de nacionalidade brasileira, se deslocaram a este serviço público para pedir algumas informações sobre o futuro casamento.
“O diálogo produziu-se em voz alta, numa sala cheia de pessoas para atendimentos”, explica Francisco Colaço, adiantando que “perante a suspeição lançada pelas funcionárias, toda a gente ficou a olhar e a pensar que o casal era uma pessoa de idade avançada e uma mulher mais jovem, brasileira, que estava a dar o golpe”.
“Isto é inadmissível num estado de direito, e nós sentimo-nos profundamente lesados e ofendidos na nossa dignidade”, acrescenta o antigo eleito na autarquia.
Segundo o homem, as funcionárias, em tom jocoso, duvidaram das idades do casal, aconselharam o regime de separação de bens várias vezes, e até desconfiaram se Kiara não seria já casada no Brasil, exigindo documentos que posteriormente seriam enviados ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), para confirmação.
Confessando que nunca tinha passado por tão grande humilhação, Kiara Leite, que é jurista de profissão, acrescenta que “o Estado português não pode permitir isso. Nós, mulheres imigrantes vivemos aqui e queremos ser tratadas com respeito”.
“É por isso que esta queixa não pode ficar impune”, acrescenta a mulher, explicando que o casal já reportou o caso a várias instituições contra o racismo e a discriminação, e está a preparar queixa no Ministério Público.
A Rede Regional pediu esclarecimentos à Conservatória do Registo Civil do Cartaxo, mas o e-mail enviado há vários dias ficou sem qualquer resposta.