Um edifício devoluto, em risco de derrocada eminente, ameaça cair em cima de um dos milhares de carros que circulam diariamente na Estrada Nacional 365 na Ribeira de Santarém, num dos principais acessos à cidade.
O problema é grave, mas o imóvel em questão não pode ser demolido por se tratar de património classificado.
A Câmara de Santarém, apesar de não ser proprietária do edifício, está há mais de dois anos a tentar obter autorização para a sua demolição junto da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC), que chumbou o processo.
Na realidade, o primeiro pedido de demolição da autarquia visava não só este edifício, mas também outros prédios devolutos no mesmo quarteirão.
A DGCP deu luz verde para a demolição de todos menos este, considerando que obedece às restrições legais em vigor para o património histórico classificado, as mesmas que se aplicam, por exemplo, para os edifícios do centro histórico de Santarém.
Moradores temem o pior “a qualquer momento”
Segundo a avaliação da autarquia, este prédio carece de estabilidade estrutural e está em risco de ruína eminente.
O telhado já ruiu na totalidade, já foram feitos alguns trabalhos de emparedamento e, segundo vários moradores ouvidos pela Rede Regional, a queda de pedras das paredes para as ruas adjacentes é frequente.
“Passam aqui todos os dias dezenas de crianças com os pais e os avós, a caminho da escola. Por sorte, ainda não lhes caiu nada em cima”, conta José António Almeida.
“Vivemos aqui com medo e com o credo na boca todos os dias, porque isto pode cair tudo a qualquer momento”, afirma Vítor Gomes, que reside na casa ao lado do edifício devoluto com a esposa e um filho menor.
A degradação tem provocado danos na sua habitação, devido à humidade e às constantes infiltrações de água.
“No Inverno, é bastante complicado. Nós vamos arranjando a casa por dentro, mas perco a vontade de fazer o mesmo por fora porque não sei o que vai acontecer quando o outro cair”, desabafa este morador.
No que se refere ao trânsito, o fluxo de carros que atravessa a EN 365 aumentou exponencialmente desde agosto de 2014, aquando da derrocada de uma parte das barreiras do planalto de Santarém.
Com a circulação cortada na Estrada Nacional 114 desde então, este passou a ser um dos principais acessos à cidade do lado de Almeirim e é por esta estrada que circulam diariamente não só milhares de carros, mas também autocarros e viaturas de socorro.
